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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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histórico e cultural do Mosteiro em to<strong>da</strong> a centúria <strong>de</strong> setecentos. Foi a D. Gaspar <strong>da</strong><br />

Encarnação que el-rei D. João V entregou em particular (e <strong>de</strong>monstrando assim a sua<br />

total confiança na vivência cultural e moral <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m) a custódia dos seus três filhos<br />

ilegítimos, eternizados como os "Meninos <strong>da</strong> Palhavã": D. António, D. Gaspar e D. José.<br />

Dom Gaspar <strong>da</strong> Encarnação para melhor exercer a sua função <strong>de</strong> tutor retirou-se para<br />

Santa Cruz <strong>de</strong> Coimbra on<strong>de</strong>, segundo o próprio D. João V se encarregou <strong>da</strong> educação<br />

dos infantes<br />

" […] com tanto cui<strong>da</strong>do e zelo, que tenho muito que me agra<strong>da</strong>r, e que lhe agra<strong>de</strong>cer<br />

pelo que me consta a respeito dos ditos meus filhos. Encomendo ao príncipe [futuro rei<br />

D. José I] (que) lhes dê aquele estado que for mais conveniente às suas pessoas como<br />

irmãos seus". 26<br />

De facto, D. José I veio a reconhecer os três irmãos a 18 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1755,<br />

conferindo-lhes a partir <strong>de</strong>ssa <strong>da</strong>ta as honras e títulos que lhes competiam. Os três<br />

infantes professaram os três como Cónegos Regrantes, e distinguiram-se ao longo <strong>da</strong>s<br />

suas vi<strong>da</strong>s pelos seus dotes intelectuais, consciência política e serviço <strong>da</strong> Nação e <strong>da</strong><br />

Igreja, <strong>de</strong>monstrando assim a boa formação recebi<strong>da</strong> enquanto "Popillos do Real Most. ro<br />

<strong>de</strong> S. Cruz". 27<br />

A reforma <strong>de</strong> D. Gaspar <strong>da</strong> Encarnação teve gran<strong>de</strong>s repercussões no campo <strong>da</strong><br />

liturgia, sendo no seguimento <strong>da</strong>s suas reformas que o Papa Bento XIV instituiu no<br />

Mosteiro a prestigiante "Aca<strong>de</strong>mia Litúrgica". Não menos importante testemunho <strong>da</strong><br />

riqueza, influência e activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> Coimbra no século XVIII é a gran<strong>de</strong><br />

renovação arquitectónica e <strong>de</strong>corativa do Mosteiro, inicia<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> sob um impulso <strong>de</strong> D.<br />

Gaspar, mas leva<strong>da</strong> a cabo na sua maior parte já em meados do século, e continuando<br />

pela segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do mesmo. Datam <strong>de</strong>ste período o retábulo do altar-mor (<strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 1750) num <strong>de</strong>purado estilo joanino que anuncia na sua sobrie<strong>da</strong><strong>de</strong> o classicismo do<br />

26. Teixeira d'Aragão, Descripção geral e história <strong>da</strong>s moe<strong>da</strong>s; Vol. II: 72; Citado em:<br />

Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues. Portugal – Diccionário histórico, chorográphico, heráldico,<br />

biográphico […]; Vol.I-A.<br />

27. Os três filhos bastardos <strong>de</strong> D. João V tiveram posteriormente corte em Lisboa no<br />

Palácio <strong>da</strong> Palhavã. D. António (1714-1800) era filho <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>ma francesa; doutorou-se em<br />

Teologia, e foi cavaleiro <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo. D. Gaspar (1716-1789) era filho <strong>da</strong> religiosa D.<br />

Ma<strong>da</strong>lena Máxima <strong>de</strong> Miran<strong>da</strong>; foi nomeado em 1756 Arcebispo-Primaz <strong>de</strong> Braga. D. José (1720-<br />

1801), filho <strong>da</strong> famosa Madre Paula <strong>de</strong> Odivelas (Paula Teresa <strong>da</strong> Silva) doutorou-se em Teologia,<br />

e tornou-se Inquisidor-Mor do Reino em 1750. D. João V reconheceu-os secretamente como filhos<br />

em 1742; D. António, tal como seus irmãos D. José, e sobretudo D. Gaspar, foi acérrimo opositor<br />

do Marquês <strong>de</strong> Pombal. Ver Maria Beatriz Nizza <strong>da</strong> Silva, D. João V: 48-50, 132, 151-152.<br />

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