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Historia da medicina - História da Medicina - UBI

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Apesar <strong>da</strong> teriaga ter sido um dos remédios<br />

aplicados a uma doente por Amato, CURA XIII, 4ª<br />

Centúria - De sintomas originados de plenite nos vasos<br />

e ao mesmo tempo de excesso de sémen genital.<br />

Por se tratar de uma viúva e como os remédios pouco<br />

aju<strong>da</strong>ssem, Amato aconselhou-a a casar pois já dizia<br />

Galeno: «De que Vénus é saudável para tais viúvas».<br />

A teriaga, a imortal Teriaga, her<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong>de,<br />

foi usa<strong>da</strong> em Portugal até cerca do século XIX, referi<strong>da</strong><br />

em todos os formulários oficiais. Panaceia universal,<br />

não só como antídoto contra todos os venenos, como<br />

também remédio para to<strong>da</strong>s as doenças.<br />

A farmacopeia de D. Caetano cita três teriagas: a<br />

teriaga fina, ou magna, a teriaga reforma<strong>da</strong>, apenas<br />

com 11 componentes, e a dos pobres, apenas com<br />

cinco, e sem víboras.<br />

A teriaga magna nunca foi prepara<strong>da</strong> em Portugal,<br />

usando-se a italiana. Diz D. Caetano:«Esta receita<br />

<strong>da</strong> teriaga magna ou de Andrómaco, é a que se faz no<br />

Grande Hospital de Génova, por ordem <strong>da</strong> sua<br />

república, e a mesma que se faz em Veneza pelos<br />

melhores boticários <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong>de, porém primeiro<br />

que se faça, põe o artífice os simplices todos em<br />

público, depois de escolhidos, e os mostra ao Proto<br />

médico e aos mais doutores e boticários, para serem<br />

vistos por eles, e examinados; depois de reduzidos a<br />

pó subtil os tornam a ver, e com essa aprovação dá o<br />

Senado licença para que se possa fazer teriaga, e só<br />

a que se faz com simplices expostos a todos e é que<br />

se pode gastar na dita ci<strong>da</strong>de e man<strong>da</strong>r para outras<br />

terras; e se nesta nossa não houvesse o mesmo zelo,<br />

também se poderia fazer a dita teriaga».<br />

Ora nas duas listas de boticas do Dr. Alexandre<br />

Rodrigues Ferreira, o qual por indicação de Domingos<br />

Vandelli, professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de reforma<strong>da</strong> pelo<br />

Marquês de Pombal, <strong>da</strong>va início a uma viagem de<br />

estudo ao Brasil no ano de 1783, a qual lhe permitiu<br />

escrever a obra «Viagem Filosófica pelas capitanias<br />

do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá<br />

1783-1792» encontram-se referi<strong>da</strong>s 4 libras de Teriaga<br />

ou triaga magna; 3 de sal de víboras e 6 de de olhos<br />

de caranguejos.<br />

Na 2ª lista encontramos a requisição de 1/2 libra de<br />

Triaga, como antídoto, de 2 onças de olhos de<br />

Caranguejos, como absorvente.<br />

O sal de víboras, cuja preparação consta <strong>da</strong><br />

Pharma-copea Tubalense, era considerado um dos<br />

melhores remédios «que há na <strong>Medicina</strong> para as<br />

quenturas malignas, para as bexigas, Apoplexia,<br />

Parlesia, Affectos hystericos, peste, e para os venenos<br />

coagulantes».<br />

Os olhos de caranguejos, ricos em carbonato de<br />

cálcio entravam na composição de um unguento de<br />

caranguejo e de rãs, contra o cancro, e seriam<br />

recalcificantes e também usados contra os vómitos<br />

sob a forma de lau<strong>da</strong>no, contra a cólera.<br />

Na terapêutica persistia o mito <strong>da</strong> Natureza<br />

15<br />

forçosamente benfeitora, donde o seu uso.<br />

A lista <strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des para que se dispunham<br />

remédios, era tanto no séc. XVI como no século XVIII<br />

bastante vasta; achaques <strong>da</strong> garganta, apoplexias,<br />

asma, bubões galicos, carbúnculo, catarro, chagas,<br />

desinteria, dores de cabeça, edemas, epilepsia,<br />

escorbuto, erisipela, doenças eruptivas <strong>da</strong> pele,<br />

hemorragias, gangrena, inflamações, lombrigas,<br />

obstruções do fígado, do pancreas, pneumonias,<br />

escrofulose, tísica, sarna, tinha, tumores,<br />

envenenamentos, vómitos, artrites, melancolia, paixão<br />

amorosa diarreias, cólicas intestinais, úlceras,<br />

tumores, etc.<br />

Para algumas destas enfermi<strong>da</strong>des Amato Lusitano<br />

apresenta Curas, e também a “Pharmacopea<br />

Tubalense” é pródiga em composições terapêuticas<br />

de grandes virtudes.<br />

Tanto no quotidiano do século XVI como no do século<br />

XVIII, os medicamentos mais usados eram os<br />

estomáquicos, os eméticos, os purgantes, os<br />

calmantes, e os febrífugos, em cuja composição<br />

entravam as drogas que Tomé Pires e Garcia de Orta<br />

deram a conhecer ao mundo, como o aloés, o ruibarbo,<br />

o tamarindo, a canela, a pimenta negra, o gengibre e<br />

o ópio.<br />

As mais utiliza<strong>da</strong>s eram: o aloés (Aloes socotrin),<br />

cujas folhas carnu<strong>da</strong>s contêm um suco amargo que<br />

constitui o aloes oficinale, estomáquico e tónico, ou<br />

purgativo consoante a<br />

dose. Esta indicação<br />

terapêutica era assinala<strong>da</strong><br />

por Garcia de Orta:<br />

«conforta o estomago<br />

por acidente, a que os<br />

físicos chamão de per<br />

acidens scilicet, tirando-lhe<br />

os maus humores<br />

do estômago sem<br />

nucumento algum ou<br />

ao menos cõ pouco».<br />

Entra, nos nossos dias<br />

na composição de<br />

pílulas de aloés e<br />

quina, e outras.<br />

Amato Lusitano, na<br />

CURA VI, 1ª Centúria -<br />

Cura de lombrigas,<br />

man<strong>da</strong> <strong>da</strong>r pílulas de<br />

aloés e beber vinho generoso!<br />

A canela, que também fazia parte do rol <strong>da</strong>s drogas<br />

estomáquicas pedi<strong>da</strong>s por Alexandre Rodrigues<br />

Ferreira, em pleno século XVIII, também foi aplica<strong>da</strong><br />

em curas de Amato Lusitano.<br />

Dela escreveu Garcia de Orta (col. 15): «He muyto<br />

gentil mèzinha para o estomago, e para tirar a dôr de<br />

coliqua, que he procedente de causa fria; porque tira<br />

a dôr de improviso como eu muytas vezes». Faz o

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