Historia da medicina - História da Medicina - UBI
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Figura 4 -<br />
Matiolo e<br />
Amato em<br />
desacordo<br />
de Alexandria,<br />
- Cura LXI - Raphael Thadeu, florentino, trabalhador<br />
em Ancona, adoeceu em Antuérpia e regressou a Itália<br />
para tratamento,<br />
- Cura LXXVII - Maalem de Castro, cobrador de<br />
impostos no Egipto, de passagem por Pesaro<br />
- Cura LXXXVII - Pisaurina casa<strong>da</strong> com indivíduo que<br />
trazia víboras de Ancona<br />
- Cura XC - Anna Pinta, senhora que viveu em<br />
Inglaterra, casa<strong>da</strong> com indivíduo que passou muitos<br />
anos na índia.<br />
A aproximação entre os herdeiros de Francisco<br />
Mendes e Amato terá sido consequência de recurso<br />
aos serviços médicos do profissional de grande<br />
prestígio João Rodrigues, nascido em Castelo Branco,<br />
licenciado em Salamanca, conhecedor profundo <strong>da</strong><br />
MATÉRIA MÉDICA de Dioscórides (40-90) e essas<br />
relações sofreram e foram resultado de<br />
condicionalismos determinados por factores<br />
económicos e religiosos que<br />
nem o Lusitano nem os Nasci<br />
desencadearam.<br />
Em 1535 Portugal foi assolado<br />
por uma fome que obrigou o rei<br />
a comprar cereais em Dantzig e<br />
na Flandres, mas em 1534, já<br />
«D. João III devia por juros<br />
vencidos, dívi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s casas <strong>da</strong><br />
India e câmbios de Flandres,<br />
quatro anos <strong>da</strong>s receitas do<br />
reino, ou oitocentos contos»,<br />
segundo Oliveira Martins,<br />
<strong>História</strong> de Portugal, 1879, e<br />
então, como hoje, a solução<br />
mais fácil era procurar dinheiro<br />
onde o havia. O comércio<br />
europeu era dominado por<br />
grandes firmas alemãs (Fugger,<br />
Welser, Hochstetter) e italianas (Affaitati, Frescobaldi<br />
e Gualterotti).<br />
A família Benveniste que após o decreto de expulção<br />
dos reis católicos assinado em 31 de Março de 1492<br />
procurara refúgio em Portugal, sob orientação de<br />
Henrique Nunes iniciou a Casa dos Mendes que<br />
prosperou no comércio de pedras preciosas e<br />
especiarias. Por morte de Henrique Nunes seus filhos<br />
tomaram conta do negócio, Francisco Mendes em<br />
Lisboa e Diogo Mendes em Antuérpia e em 1525<br />
pagaram ao rei de Portugal cerca de um milhão de<br />
cruzados pelo monopólio <strong>da</strong> Pimenta, que<br />
tranzaccionam por to<strong>da</strong> a Europa. Refere J. Lúcio de<br />
Azevedo em ÉPOCAS DE PORTUGAL<br />
ECONÓMICO, 1928, que Diogo Mendes, associado<br />
a João Carlos Affaitati, man<strong>da</strong>va comprar pimenta em<br />
Lisboa por seu irmão Francisco Mendes, montando o<br />
valor de ca<strong>da</strong> vez a 600, 800, mil, até um milhão de<br />
cruzados e mais. Outros negociantes, de menos<br />
cabe<strong>da</strong>l, em Lisboa e Antuérpia, participavam na<br />
operação em quotas de 10, 12, 20 mil cruzados,<br />
consoante as posses. Diogo Mendes e o sócio<br />
manejavam as ven<strong>da</strong>s, firmando o preço em Antuérpia<br />
e certamente por sua influência as companhias<br />
alemãs perderam privilégios em Lisboa e o comércio<br />
<strong>da</strong> Pimenta, objecto de especulação, proporcionou a<br />
Antuérpia um desenvolvimento extraordinário.<br />
Francisco Mendes casa com Beatriz de Luna em<br />
1528, têm uma filha, Brian<strong>da</strong>, em 1531 e D. Gracia<br />
fica viúva em 1536.<br />
O cheiro <strong>da</strong> pimenta determinou uma activi<strong>da</strong>de<br />
diplomática muito intensa por parte do rei português<br />
João III (1502-1577) e seus conselheiros junto do<br />
papado, onde procuravam ingloriamente soluções<br />
expeditas e patrocina<strong>da</strong>s. Clemente VII, expedira em<br />
17 de Dezembro de 1531 a bula CUM AD NIHIL MAGIS<br />
que instituiu o primeiro inquisidor, cabendo a nomeação<br />
sob pena de excomunhão a frei Diogo <strong>da</strong> Silva, que<br />
terá recusado tal cargo, suspenso<br />
em 17 de Outubro de<br />
1532, sendo os iudeus<br />
«perdoados» por bula de 7 de<br />
Abril de 1533 que deve ter ficado<br />
tranquilamente esqueci<strong>da</strong> em<br />
alguma secretaria até novo<br />
«perdão» de Paulo III, <strong>da</strong>tado de<br />
12 de Outubro de 1535, sem<br />
que D.João III deixasse de estar<br />
atento aos judeus, cerceando-<br />
-lhes até onde lhe foi possível<br />
os direitos, as liber<strong>da</strong>des e as<br />
garantias, como regista Maria<br />
José Pimenta Ferro Tavares em<br />
JUDAISMO E INQUISIÇÃO,<br />
1987, surgindo por fim a<br />
famigera<strong>da</strong> bula <strong>da</strong> inquisição<br />
de 23 de Maio de 1536,<br />
publica<strong>da</strong> em 22 de Outubro, regulamenta<strong>da</strong> em 18<br />
de Novembro. Os principais prejudicados, o País todo,<br />
tristes portugueses que viviam embalados no gosto<br />
<strong>da</strong> cobiça, na<strong>da</strong> fizeram e apenas um reduzido grupo<br />
dos então chamados cristãos novos, apoiados pelo<br />
príncipe D.Luis (?-1555) se dirigiu ao rei a solicitar<br />
benevolência.<br />
Ao contrário do que escreveu Aquilino Ribeiro em<br />
PRINCIPES DE PORTUGAL, SUAS GRANDEZAS E<br />
MISÉRIAS, o infante D. Luis, aluno de Pedro Nunes<br />
(1502-1578) e pai assumido do futuro Prior do Crato<br />
D. António (1531-1595), que dizem ser filho de uma<br />
Senhora hebreia, mais do que «tipo acabado de<br />
parasita nacional» com seiscentos e trinta criados e<br />
barcos no mar, capaz do acto de rebeldia que foi a<br />
sua participação na campanha de Tunes em 1535, ao<br />
lado de Carlos V, contra as ordens de seu irmão D.<br />
João III, antes parece ter sabido comportar-se, até à<br />
sua morte em 1555, como um factor de equilíbrio na<br />
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