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Historia da medicina - História da Medicina - UBI

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“ ... a fraqueza dos meninos, a impetuosi<strong>da</strong>de dos<br />

jovens, a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de viril e a maturi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

velhice têm qualquer coisa de natural, que deve ser<br />

recolhi<strong>da</strong> no seu tempo”.<br />

O FIO DE LÂQUESIS...NAS PALAVRAS DOS POETAS<br />

Marco Túlio Cícero<br />

Dizem que as fiandeiras <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eram cruéis e nem<br />

os deuses podiam intervir no seu trabalho: Cloto<br />

segura a roca, presidindo ao nascimento do homem;<br />

Lâquesis desenrola o fio, fazendo girar o fuso e Átropos<br />

corta-o. É esta terceira Parca que mais afronta os<br />

homens...<br />

O ser humano, porém, aproveita o girar do fuso de<br />

Lâquesis e assume o seu destino nesse durante, na<br />

esperança, sempre, dum longo fio desenrolado...<br />

Ninguém é poupado do corte de Atropos (e Parca, do<br />

latim parcere - poupar...).<br />

Se foram gera<strong>da</strong>s por Zeus e Témis (que encarna a<br />

justiça), outra genealogia as dá como filhas <strong>da</strong> Noite,<br />

filhas de Aqueronte...<br />

Durante o desenrolar do fio se passam as I<strong>da</strong>des<br />

do homem. A ponta do começo tem a atracção do<br />

que é novo, com vigor de crescimento: a graciosi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> infância, um cais sempre evocado pelos poetas:<br />

“Branco, branco e orvalhado, / o tempo <strong>da</strong>s crianças<br />

e dos álamos.” (Eugénio de Andrade, Da Memória,<br />

Coração do Dia); um tempo de olhar inviolado, tempo<br />

de gritos <strong>da</strong>s crianças que “exaustas fixam mais e<br />

mais remoto / esse mar nunca mais atravessado.”<br />

(António Salvado, Infância, O Corpo do Coração); são<br />

“as lições <strong>da</strong> infância / desaprendi<strong>da</strong>s na i<strong>da</strong>de<br />

madura.” (Drummond de Andrade, Obra Poética, 2°<br />

vol.), ideia reitera<strong>da</strong> em<br />

PEDAGOGIA<br />

Brinca enquanto souberes!<br />

Tudo o que é bom e belo<br />

Se desaprende...<br />

A vi<strong>da</strong> compra e vende<br />

A perdição.<br />

Alheado e feliz,<br />

Brinca no mundo <strong>da</strong> imaginação,<br />

Que nenhum outro mundo contradiz!<br />

por Maria de Lurdes Gouveia <strong>da</strong> Costa Barata*<br />

Brinca instintivamente<br />

Como um bicho!<br />

Fura os olhos do tempo,<br />

E à volta do seu pasmo alvar<br />

De cabra-cega tonta,<br />

A saltar e a correr,<br />

Desafronta<br />

O adulto que hás-de ser!<br />

58<br />

Miguel Torga (Coimbra, 16 de Março de 1960),<br />

Antologia Poética<br />

Furar os olhos do tempo, porque é no tempo que<br />

tudo se volatiliza... ideia que Torga também guar<strong>da</strong><br />

num verso doutro poema: “ Tempo - definição <strong>da</strong><br />

angústia!”, uma angústia de que só se vai<br />

progressivamente tomando consciência à medi<strong>da</strong> que<br />

Lâquesis maneja o precioso fuso.<br />

No entanto, quem não se lembra dos longos dias<br />

<strong>da</strong> meninice, que nunca mais acabavam, do<br />

tempo-para-tudo, do passar lento do tempo? A<br />

novi<strong>da</strong>de e descoberta <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s coisas <strong>da</strong> Natureza,<br />

<strong>da</strong>s coisas dos homens. O olhar virgem e demorado<br />

sobre as coisas... Daí que o poeta seja comparado<br />

às crianças por nunca perder esse olhar especial.<br />

A vi<strong>da</strong> enche-se de maravilhamento que inun<strong>da</strong> a<br />

alma. (É evidente que falamos num plano genérico,<br />

sem referir o drama dos homens que nunca foram<br />

meninos, como diz Soeiro Pereira Gomes na<br />

introdução do livro Esteiros, porque há crianças para<br />

quem a vi<strong>da</strong> se revela exigindo-lhes de imediato forças<br />

de homens).<br />

Depois vem o tempo do arrebatamento adolescente,<br />

(...)<br />

corpos recém-chegados dos ombros <strong>da</strong> noite,<br />

Vós, braços transparentes dos deuses, atravessais<br />

como raios de sol o coração dos sonhos!<br />

(...)<br />

filhos trémulos de sóis, vossos lábios com gosto<br />

de angústia,<br />

lábios totais, pássaros elásticos do calor<br />

dourado dos beijos,<br />

povoais uma festa perfeita, a rápi<strong>da</strong> festa absoluta<br />

de viajantes suspensos sobre a Morte.<br />

Vós, os de risos esbanjando as flautas

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