Historia da medicina - História da Medicina - UBI
Historia da medicina - História da Medicina - UBI
Historia da medicina - História da Medicina - UBI
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1599) dita Reyna ou Regina, casa<strong>da</strong> em 1545 com<br />
João Micas, Miquez, Joseph Nasci (1515-1579),<br />
presumível autor do BEN PORAT JOSEF, 1576, duque<br />
de Naxos, filho de Agostinho Micas, Miguel, Samuel<br />
Nasci, que fora Lente de Prima de <strong>Medicina</strong> na<br />
Universi<strong>da</strong>de Portuguesa, em Lisboa, entre 1515 e<br />
1526, falecido em 1532.<br />
Antes de iniciar a minha tentativa de desenvolvimento<br />
do tema AMATO E OS NASCI seja-me permitido<br />
registar cinco curtos comentários ao interessante livro<br />
de Catherine Clement:<br />
- Primeiro, de agradecimento, por se lembrar do<br />
LUSITANO;<br />
- Segundo, não creio que Amato tenha<br />
desempenhado algumas <strong>da</strong>s tarefas que Catherine<br />
Clement lhe atribui, pois mais depressa poderiam ter<br />
sido desempenha<strong>da</strong>s por um amigo de Amato, Diogo<br />
Pires, dito Jacob Flavio, de Évora (1517-1597), que<br />
até poderia ter tido alguma formação como médico e<br />
cujo itinerário muitas vezes se cruza com o de Amato,<br />
poeta que até poderia ter acrescentado algum picante<br />
a umas pouco poéticas relações havi<strong>da</strong>s neste romance<br />
entre o «Nasi» e uma Faustina, prostituta<br />
veneziana. A obra poética e as viagens de Diogo Pires,<br />
a sua composição dedica<strong>da</strong> «AO MÉDICO JOÃO<br />
RODRIGUES, ESTANDO O AUTOR DE PARTIDA<br />
PARA LOVAINA» com recor<strong>da</strong>ções de Salamanca<br />
(«águas aloura<strong>da</strong>s do Tormes»), o poema DE<br />
LVSITANORVM TVMVLO IN VRBE FERRARA, as<br />
suas composições ragusinas como as que dedicou a<br />
Simão Benesso, os louvores a Solimão e o EPITÁFIO<br />
DE AMATO LUSITANO, 1568, enquadram-se naquele<br />
ciclo, sem esquecer que uma tal hipótese exploratória<br />
é contraria<strong>da</strong> pela aparente ausência de qualquer obra<br />
de Diogo Pires dedica<strong>da</strong> a José Nasci, que até poderia<br />
ser como aquelas em que são lembra<strong>da</strong>s as searas<br />
<strong>da</strong> pátria distante, as uvas à espera <strong>da</strong> colheita, o<br />
brilho <strong>da</strong>s folhas de oliveira, ou simplesmente Rufa,<br />
tocadora de cítara e Mamertina Cloe, flautista de bairro,<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong>s à libertinagem, vergonhas do bordel de Valência<br />
mesmo para Diogo Pires, pois «um poeta ou faz versos,<br />
ou bebe»: «Aut uersus facit, aut bibit poeta.»;<br />
- Depois, chamar Lusitano ao Amato, à semelhança<br />
de autores como Mario Santoro em AMATO<br />
LUSITANO ED ANCONA,1991, I.N.I.C., Coimbra, não<br />
é habitual na terra portuguesa em que a tragédia dos<br />
exílios forçados e a quali<strong>da</strong>de e número de quantos<br />
adoptaram o epónimo impedem que se diga «Lusitano<br />
só há um, o Amato e mais nenhum». É certo que<br />
Catherine Clement, na página 78 <strong>da</strong> tradução do seu<br />
romance apresenta João Rodrigues de Castel(o)<br />
Branco (e) que se tornou o grande, o querido Amato<br />
Lusitano, nosso médico, que por sua bon<strong>da</strong>de e<br />
paciência bem terá merecido o ápodo de «Angelicus»<br />
e que depois o nomeia por três vezes Amato Lusitano<br />
entre esta página e a página 105, mas depois passa<br />
a designá-lo simplesmente Lusitano umas 36 vezes<br />
até à página 175, até se despedir de Juan Rodriguez<br />
que nesta página é despachado numa viagem sem<br />
regresso para Salonica. Índice, dedicatória, invocação,<br />
texto, cronologia, elementos bibliográficos e<br />
agradecimentos, são 361 páginas.<br />
Creio que o bom nome de Amato terá de algum modo<br />
contribuído para que na terra portuguesa o epónimo<br />
Lusitano caísse em<br />
desuso, chamo a atenção<br />
para o facto de que<br />
durante o século XIII<br />
sempre os portugueses<br />
se consideraram Hispanos<br />
e se diziam Portugalenses,<br />
como o<br />
Pedro Hispano Portugalense<br />
(1210-1277)<br />
que foi Chefe <strong>da</strong> Igreja<br />
de Roma, mas que<br />
após o discurso de Garcia de Meneses ao Papa Sisto<br />
IV em 31 de Agosto de 1481 alguns adoptarão o<br />
epónimo Lusitano, como L(ucio) Andr(e) Resendii<br />
Lvsitani em 1 de Outubro de 1534 que encurtará o<br />
nome na Oratio habita Conimbricae in gymnasio regio<br />
de Julho de 1551, assina<strong>da</strong> como L. Andr. Resendii<br />
sem epónimo, e será simplesmente como<br />
«Conimbricences» que em 1 de Outubro de 1552<br />
Hilario Moreira dedicará a sua Oração de Sapiência<br />
ao «inuictissimum Lusitaniae Regem D. Joanem Tertium»,<br />
enquanto por to<strong>da</strong> a Europa Homens orgulhosos<br />
<strong>da</strong>s suas raízes no ocidente peninsular juntavam<br />
Lusitano aos seus nomes, tal como Amato Lusitano,<br />
seu sobrinho neto Filipe Montalto Lusitano (1567-1616)<br />
e o seu companheiro de infortúnio Di<strong>da</strong>cus Pyrrus<br />
Lusitanus (1517-1597), Roderico a Fonseca Lvsitano<br />
(1550-1622) e seu sobrinho Gabrielis a Fonseca<br />
Lvsitani, Stephani Roderici Castrensis Lvsitani (1559-<br />
1637), Zacuto Lusitano (1575-1642) e muitos, muitos<br />
mais, parecendo-me demasia<strong>da</strong>mente curto e pouco<br />
elegante dizer-se que Lucio André de Resende terá<br />
deixado de usar o epónimo Lusitano porque ficaria<br />
com um nome muito comprido... Desgraça<strong>da</strong>mente,<br />
porém, tais <strong>da</strong>nças de nomes não traduzem apenas<br />
incertezas relativas à identi<strong>da</strong>de nacional, antes se<br />
apresentam como contraponto a infelizes movimentos<br />
xenófobos que será impossível erradicar completmente<br />
e que voltam sempre com afloramentos cíclicos de<br />
que são tristes exemplos as recentes alcunhas de<br />
«mouros» e «cristãos novos» atribuí<strong>da</strong>s por<br />
profissionais <strong>da</strong> política a habitantes <strong>da</strong> margem sul<br />
do Tejo e a militantes de última hora de algum partido<br />
de sucesso;<br />
- Catherine Clément coloca Dona Garcia em 1553 a<br />
regressar sòzinha, «clandestinamente a Veneza, para<br />
comprar a esmeral<strong>da</strong> do vice-rei <strong>da</strong>s Indias». Não se<br />
tratava de nenhuma pedra «veryl», como aquelas que<br />
Garcia d’Orta descreveu no COLOQUIO 43, quando<br />
5<br />
Figura 2 -<br />
Dona<br />
Beatriz de<br />
Luna