Historia da medicina - História da Medicina - UBI
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«Este é o medicamento anodino mais seguro, que<br />
tem to<strong>da</strong> a <strong>Medicina</strong>...tira to<strong>da</strong>s, e quaisquer dores<br />
que sejão, suspende to<strong>da</strong>s as hemorrhagias ou fluxos,<br />
e to<strong>da</strong>s as fluxoens, quer sejão do ventre, ou de outra<br />
qualquer parte; modera as grandes inquietaçoens, e<br />
calor nas febres malignas, aproveita nos Frenesis, na<br />
Mania, Melancolia, Epilepsia, dor de Colica, Artrictica,<br />
na Gotta, nas queixas nephriticas, tira os vomitos, as<br />
cardialgias, e outras muitas enfermi<strong>da</strong>des; conforta<br />
os espiritos, os nervos, e to<strong>da</strong>s as demais partes<br />
pincipaes do corpo humano...»<br />
De Bálsamo Catholico, composto de benjoim,<br />
estoraque, incenso, etc, levava o Dr. Alexandre 1 libra<br />
e meia, como consoli<strong>da</strong>nte.<br />
Deste bálsamo dizia Ph. Tubalense: «A este<br />
Bálsamo se atribuem infinitas virtudes, por produzir<br />
em muitas enfermi<strong>da</strong>des admiráveis efeitos...», o que<br />
seria natural, atendendo às espécies que o<br />
constituiam. benjoim, incenso, estoraque, etc.<br />
Garcia de Horta, nos «Colóquios», refere e descreve<br />
o benjoim, resina aromática extaí<strong>da</strong> do Styrax benzuin<br />
(Ilha de Sumatra), utiliza<strong>da</strong> em <strong>medicina</strong> como<br />
balsâmico e antiséptico.<br />
Diz Garcia de Horta «he quente e seco no segundo<br />
grão; aromatiza o estômago húmido e.... e confortao,<br />
faz bom cheiro <strong>da</strong> boca, fortifica os membros e<br />
acrescenta o coito» (col. 9) e a Ph. Tubalense diz:<br />
«He o Benjoim incisivo, penetrante, atenuante,<br />
particularmente as suas flores sublima<strong>da</strong>s (ácido<br />
bezoico), e servem nas enfermi<strong>da</strong>des do Pieto; é<br />
fortificante <strong>da</strong> cabeça, contra veneno, e resiste à<br />
gangrena». Ain<strong>da</strong> nos nossos dias se usa como<br />
balsâmico e antiséptico.<br />
Amato Lusitano, na CURA L, 6ª Centúria - De uma<br />
mulher que abortou no tempo certo de gestação e do<br />
seu tratamento, indica uma fumigação de benjoim e<br />
bálsamo do Perú na composição <strong>da</strong> teriaga. Depois<br />
<strong>da</strong> fumigação aplicava «um pessário feito de<br />
opobálsamo, que é trazido <strong>da</strong> região do Perú há pouco<br />
descoberta», aconselha o seu uso a todos os<br />
farmacêuticos (e perfumistas), pois ele próprio o utiliza<br />
na composição <strong>da</strong> teriaga. Em pleno século XVIII, para<br />
Ribeiro Sanches os boticários são os maiores<br />
praticantes <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong>: «São elles os que curam as<br />
enfermi<strong>da</strong>des, os que consultamos médicos famosos<br />
pelas queixas dos seus doentes e elles mesmos são<br />
os que lhes vendem os remédios <strong>da</strong>s suas boticas».<br />
De uma outra resina, o incenso, Garcia de Horta<br />
diz que os médicos indús fazem com ela unguentos<br />
e perfumes e que, comido é bom para muitas doenças<br />
de cabeça. Do seu valor fala o presente dos Reis<br />
Magos.<br />
O mesmo quanto ao estoraque, do qual diz a<br />
Pharmacopea Tubalense: “He o Estoraque<br />
Calamita, estomáquico e confortante do coração, e<br />
contra a maligni<strong>da</strong>de de humores. he molificante, e<br />
resolutivo” Amato utiliza-o como emoliente na CURA<br />
19<br />
VU De febre quartã, e na CURA L, 6ª Centúria,<br />
também o usa.<br />
Porém, na CURA V, 7ª Centúria, a propósito <strong>da</strong>s<br />
novas drogas <strong>da</strong><strong>da</strong>s a conhecer por Portugueses e<br />
Hispânicos, comenta: “...de igual modo importa que<br />
se seja conhecedor não só dos remédios exóticos,<br />
trazidos <strong>da</strong> índia e de outros países, mas se possa<br />
utilizar dos caseiros fáceis de preparação ...”.Nesta<br />
cura utilizou vinagre muitíssimo forte. Conhecedor de<br />
remédios exóticos, de outros países além dos <strong>da</strong> Índia,<br />
utiliza na CURA XLV, 4ª Centúria - De artrite, a<br />
salsaparrilha, bem como nas Curas LXll e ,X, 5ª<br />
Centúria, em xarope e em decoto. As virtudes <strong>da</strong><br />
salsaparrilha do Brasil foram referi<strong>da</strong>s nos escritos<br />
do Jesuíta Pe. Vasconcellos. A salsaparrilha era<br />
conheci<strong>da</strong> no comércio europeu como salsaparrilha<br />
de Lisboa. Os Hispânicos chamam-lhe Salsaparrilla<br />
(Similax officinalis KUNTH). Rica em saponinas, é<br />
fármaco depurativo. Do Bálsamo Catholico ain<strong>da</strong> fazia<br />
parte o Bálsamo Peruviano Sólido, o qual ain<strong>da</strong> se<br />
usa externamente como antipsorico, cicatrizante de<br />
úlcera, e gretas do seio. Donde o conselho <strong>da</strong>do aos<br />
farmacêuticos para a sua utilização.<br />
De láu<strong>da</strong>no puro e bom também faz uso Amato<br />
Lusitano, na CURA XXXII, 2ª Centúria - Sobre cólera<br />
morbus, na composição de um escudo estomacal,<br />
na qual entram a canela, o cravo <strong>da</strong> Índia, a noz<br />
mosca<strong>da</strong>, o pau-aloés, resina, etc. Sân<strong>da</strong>los, cânfora<br />
e ópio são utilizados na CURA LXXIII, 4ª Centúria - Da<br />
erisipela ulcerosa que apanhava a face e to<strong>da</strong> a região<br />
do olho direito e na CURA XXI, 1ª Centúria - Duma<br />
febre despreza<strong>da</strong> após um pleuzite, numa confeição<br />
cordealfria, na qual além de inúmeras pedras entravam<br />
todos os sân<strong>da</strong>los, cânfora, ouro e prata, e...chifre<br />
queimado de veado e osso do coração de veado! Na<br />
CURA XXXIII, 4ª Centúria - De um menino que sofria<br />
de febre contínua; utiliza o sân<strong>da</strong>lo em unguento, e<br />
em eleituário. O incenso usa-o, por ex. Na CURA XCV,<br />
1ª Centúria - Dor nos pés, na confecção de um<br />
linimento, terminando a cura com um banho de água<br />
do mar. Aliás empregava banhos de água doce, por<br />
ex. na CURA XV, 1ª Centúria - Da supressão <strong>da</strong><br />
menstruação e de exantemas que apareciam por todo<br />
o corpo em que mandou à doente “que tomasse<br />
banho... feito de água doce em que foram cozi<strong>da</strong>s<br />
rosas vermelhas”.<br />
Nas doenças de foro dermatológico um outro género<br />
de terapêutica, já usado pelos Romanos, recomeça<br />
nos fins do século XVIII a ser prescrito: a hidroterapia<br />
e o termalismo.<br />
Já no século XVI e XVII a balneoterapia despertara<br />
o interesse de alguns médicos notáveis.<br />
Assim Zacuto Lusitano (1575-1642) aconselhava as<br />
termas (férreas, nitrosas, sulfúricas, aluminosas, etc)<br />
para o tratamento de várias doenças, principalmente<br />
artropatias, tão frequentes nos nossos dias, e,<br />
imitando Amato Lusitano, aconselhava práticas