18.04.2013 Views

Historia da medicina - História da Medicina - UBI

Historia da medicina - História da Medicina - UBI

Historia da medicina - História da Medicina - UBI

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

E meu lindo far<strong>da</strong>mento. (24)<br />

Juramento de Bandeira<br />

Tal como em muitas socie<strong>da</strong>des, em que se verifica<br />

uma apresentação dos seus novos membros à<br />

comuni<strong>da</strong>de, os nossos militares, após um regime<br />

de margem e de aprendizagem ou iniciação, que é o<br />

tempo de recruta, são apresentados à socie<strong>da</strong>de, em<br />

manifestação pública ritualiza<strong>da</strong>, o Juramento de<br />

Bandeira, já não como simples indivíduos rurais ou<br />

citadinos, mas como sol<strong>da</strong>dos, ou seja, como<br />

elementos defensores de uma socie<strong>da</strong>de ou dos ideais<br />

superiores que norteiam essa mesma socie<strong>da</strong>de, por<br />

que foram iniciados na instrução militar, como refere<br />

um sol<strong>da</strong>do, nos anos trinta:<br />

Eu tratei de me apurar<br />

Logo na instrução primeira,<br />

Só para trás não ficar,<br />

Quando jurasse Bandeira. (25)<br />

Os rapazes, retirados às famílias e à comuni<strong>da</strong>de,<br />

são apresentados às suas comuni<strong>da</strong>des valorizados<br />

como homens e como ci<strong>da</strong>dãos, capazes de defender<br />

as suas terras, após o Juramento de Bandeira, “rito<br />

patriótico” por excelência. Diz a quadra:<br />

Estendi o braço à Bandeira<br />

E quis por ela jurar,<br />

A <strong>da</strong>r pela pátria a vi<strong>da</strong><br />

E sempre do inimigo a saltar. (26)<br />

O Militar e o Namoro<br />

A I<strong>da</strong>de Militar coincide muitas vezes com a i<strong>da</strong>de<br />

do namoro, como é muitas vezes factor de rupturas<br />

amorosas. To<strong>da</strong>s estas vivências deixam os sol<strong>da</strong>dos<br />

nas suas expressões poéticas, como o militar que se<br />

queixa do abandono a que foi votado pela namora<strong>da</strong>:<br />

Até <strong>da</strong> própria namora<strong>da</strong><br />

Fui logo abandonado;<br />

Na última carta me diz<br />

que já não liga ao sol<strong>da</strong>do (27)<br />

A namora<strong>da</strong> protesta contra o comboio, objecto<br />

visível do seu descontentamento, que levou o seu<br />

rapaz para a vi<strong>da</strong> militar:<br />

Ó comboio <strong>da</strong>s oito,<br />

Não te posso ver passar,<br />

Levaste o meu amor<br />

Para a vi<strong>da</strong> militar. (28)<br />

A namora<strong>da</strong> promete ao seu namorado que nunca o<br />

esquecerá, enquanto ele estiver na tropa:<br />

Hei-de escrever-te, bem sei,<br />

Numa folha de papel,<br />

cartinhas para a ci<strong>da</strong>de,<br />

Man<strong>da</strong>dinhas para o quartel. (29)<br />

As raparigas que viviam próximo dos quartéis eram<br />

avisa<strong>da</strong>s para não confiarem nos sol<strong>da</strong>dos, porque a<br />

tropa é passageira e os militares estão numa i<strong>da</strong>de<br />

de aventuras e brincadeiras:<br />

Menina não se enamore<br />

Do rapaz que é militar,<br />

quando não, ele toca a caixa<br />

E então, põe-se a an<strong>da</strong>r. (30)<br />

Os sol<strong>da</strong>dos, já nos fins do século passado,<br />

galanteavam as raparigas, quando an<strong>da</strong>vam pelas<br />

ruas:<br />

Sou sol<strong>da</strong>do, sirvo o rei,<br />

E também sirvo a rainha;<br />

Também meto sentinela<br />

À sua porta, lindinha. (31)<br />

A Saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Militar<br />

Entre as quatro crises básicas e universais <strong>da</strong><br />

Humani<strong>da</strong>de, nascimento, maturi<strong>da</strong>de, reprodução e<br />

morte, compreendi<strong>da</strong>s no ciclo completo <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>,sucedem-se acontecimentos biológicos e<br />

culturais, que podem designar-se por “i<strong>da</strong>des”, vivi<strong>da</strong>s<br />

mais ou menos intensamente pelos indivíduos e pelas<br />

socie<strong>da</strong>des. Como vimos, algumas atitudes perante<br />

as situações e os acontecimentos, actuando como<br />

respostas aos imperativos biológicos e às vivências<br />

impostas pelas normas sociais, projectam-se como<br />

conjuntos cerimoniais embebidos em ritos próprios,<br />

que correspondem às diversas i<strong>da</strong>des do Homem,<br />

enquanto ser cultural.<br />

Podemos concluir que a I<strong>da</strong>de Militar, nos meios<br />

rurais <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Gardunha, marcou profun<strong>da</strong>mente<br />

o homem, que percepcionava o mundo sob a<br />

perspectiva de uma “visão do mundo camponesa (32) ,<br />

caracteriza<strong>da</strong> por uma inferiori<strong>da</strong>de cultural em relação<br />

ao homem citadino, pela ideia de casa, como uni<strong>da</strong>de<br />

social, elemento de identi<strong>da</strong>de familiar e de trabalho,<br />

com a função social defini<strong>da</strong> por bens económicos<br />

visíveis, como a posse <strong>da</strong> terra. Refere a poesia<br />

tradicional:<br />

Quando for à disponibili<strong>da</strong>de,<br />

Vou para a casa dos meus pais;<br />

E eles dão-me um papel,<br />

Para não me esquecer mais.<br />

O sol<strong>da</strong>do que está em casa,<br />

A trabalhar no seu campo,<br />

46

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!