Historia da medicina - História da Medicina - UBI
Historia da medicina - História da Medicina - UBI
Historia da medicina - História da Medicina - UBI
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Uma quarta parte é dedica<strong>da</strong> à anatomia (9) .<br />
A escola de <strong>medicina</strong> de Montpellier pôs sempre<br />
em causa os conhecimentos médicos livrescos e<br />
beneficia do conhecimento <strong>da</strong>s <strong>medicina</strong>s árabe e<br />
judia espanhola, <strong>da</strong> protoquimiatria árabe e com auxílio<br />
<strong>da</strong> alquimia, suscitará desenvolvimentos<br />
espectaculares.<br />
O primeiro jardim botânico é criado em Pádua, em<br />
1545, em anexo à escola de <strong>Medicina</strong> <strong>da</strong> sua<br />
Universi<strong>da</strong>de. Jacques Le Goff não está de<br />
acordo com Maximiano de Lemos. Este<br />
diz que João Rodrigues na sua i<strong>da</strong> para<br />
Ferrara, em 1541, tem o ensejo de<br />
aprofun<strong>da</strong>r os estudos botânicos, onde<br />
existia, à época, um jardim com plantas<br />
de rari<strong>da</strong>de extrema (3) . Anterior portanto,<br />
ao jardim botânico criado em Pádua, em<br />
1545, em anexo à escola de <strong>Medicina</strong>,<br />
como sublinha Jacques Le Goff (2) .<br />
Em 1593 é criado o primeiro jardim<br />
botânico francês em Montpellier.<br />
Brunfels, em 1530, publica o Herbarium<br />
vivae icone e Fuchs em 1542, publica a<br />
<strong>História</strong><br />
stirpium.<br />
Amato Lusitano tinha publicado o Index<br />
Dioscorides em 1536, e em Florença<br />
imprime-se a Primeira Centúria em 1551 e<br />
a Segun<strong>da</strong> Centúria sai dos prelos de<br />
Veneza em 1552. As Enarrationes saem<br />
em 1553 e os Comentários de Mattioli, em<br />
latim, saíram em 1554 e a 2° parte em 1558,<br />
sendo nesta que ataca João Rodrigues,<br />
assunto conhecido e que Maximiano<br />
Lemos e José Lopes Dias já<br />
escalpelizaram (3 e 4) .<br />
Só no séc. XVII em 1633, é instalado em<br />
Paris, o Jardim real <strong>da</strong>s plantas <strong>medicina</strong>is,<br />
hoje Jardim <strong>da</strong>s Plantas. Em 1636 o jardim<br />
tinha 1800 vegetais, mas em 1641 estes<br />
seres vivos aumentaram para 2360.<br />
3. Estu<strong>da</strong>mos as plantas <strong>da</strong> cita<strong>da</strong><br />
Segun<strong>da</strong> Centúria de Curas Médicas e o<br />
seu conjunto de plantas terapêuticas.<br />
Depois de ponderado o numeramento<br />
chegamos a um somatório de 170 plantas<br />
novas e que não foram enuncia<strong>da</strong>s na I Centúria.<br />
Estas são fruto <strong>da</strong> nova terapêutica e apresentam o<br />
acréscimo de conhecimentos do seu autor. Já tinha<br />
empregue na I Centúria 281 plantas de que falamos<br />
no nosso trabalho apresentado nas V Jorna<strong>da</strong>s. Assim<br />
temos o total nas duas Centúrias iniciais, a indicação<br />
de 451 vegetais, o que consideramos notável. Esta<br />
produção equivale a uma vi<strong>da</strong> profissional intensa, não<br />
nos esquecendo que isto se passava em meados do<br />
séc. XVI e começam a aparecer nesta II Centúria as<br />
plantas <strong>da</strong>s descobertas ocidentais, do Novo Mundo<br />
27<br />
tanto nossas como dos vizinhos peninsulares.<br />
Descobertas há muito poucos anos, como João<br />
Rodrigues por vezes lembra. Como por exemplo, o<br />
opobálsamo do Perú, trazido dessa terra ain<strong>da</strong> há<br />
pouco descoberta (1) . A II Centúria é escrita a partir de<br />
1 de Abril de 1551 (1) (4) . O Balsamo do Peru, refere-se<br />
ao suco obtido do Myroxyglum pereirae Royle,<br />
leguminosa, oriun<strong>da</strong> deste país <strong>da</strong> América Sul. É<br />
diurético e era empregue nos catarros <strong>da</strong> bexiga, na<br />
blenorragia, entre outros (8) . Também a<br />
propósito de outra composição, a teriaga,<br />
diz que terá ca<strong>da</strong> um dos símplices que<br />
entram na sua composição, escolhidos<br />
mesmo dos confins do mundo, não nos<br />
poupando a despesas. Estas afirmações<br />
dizem bem a sua largueza de vistas, sem<br />
hermetismos (C.55, II Cent.).<br />
Outra ideia que nos parece importante<br />
é a mu<strong>da</strong>nça que se opera nos<br />
tratamentos, o que demonstra muita<br />
experiência, estudo e reflexão.<br />
Na associação de plantas para a<br />
preparação de determina<strong>da</strong>s terapêuticas,<br />
observa-se a preocupação de sintetizar e<br />
to<strong>da</strong>s elas, de maneira geral, têm poucos<br />
símplices, ao contrário do que sucedia na<br />
Centúria inicial.<br />
Demonstra também o cui<strong>da</strong>do e<br />
conhecimentos de quem utiliza plantas e<br />
substâncias químicas, em utilizar doses<br />
com maiores diluições, reduzindo a<br />
potência dos fármacos, acentuando que<br />
doses mais fracas atingem resultados<br />
mais rápidos e melhores para os doentes.<br />
Dos produtos usados que não eram de<br />
origem vegetal, desde o chifre de veado<br />
queimado até ao rútilo, dão um conjunto<br />
de 60 uni<strong>da</strong>des na II Centúria. Ficamos a<br />
saber que estes produtos cresceram em<br />
relação aos indicados na I Centúria,<br />
embora levemente.<br />
Contudo, os produtos não vegetais <strong>da</strong>s<br />
duas primeiras Centúrias comparados<br />
com os vegetais dos mesmos livros, dão<br />
uma relação de 20% e 80%<br />
respectivamente favorável portanto aos<br />
últimos.<br />
Os produtos <strong>da</strong> fauna doméstica são o rol que<br />
aumenta os não vegetais <strong>da</strong> II Centúria. E relembramos<br />
que na I Centúria os vegetais atingem 84% (5) .<br />
4. Parece-nos útil dizer quanto à tradução do Dr.<br />
Firmino Crespo nos merece o maior respeito, mas<br />
não desdoura o seu trabalho se apresentarmos<br />
algumas achegas botânicas que são necessárias.<br />
A propósito <strong>da</strong> C. 44, Il Centúria, pág 91, na tradução<br />
aparece Erva gnafália, chama<strong>da</strong> Formentícia, e depois<br />
em nota de ro<strong>da</strong>pé, põe os sinónimos Formentila e