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Historia da medicina - História da Medicina - UBI

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De ipecacuanha ou cipó emético, cujas<br />

proprie<strong>da</strong>des eméticas eram assinala<strong>da</strong>s, desde 1560<br />

pelo Padre José d’Anchieta, constam na 1ª lista 4<br />

onças, e na 2ª, 5.<br />

No Brasil era o medicamento antidisentérico por<br />

excelência.<br />

A ipecacuanha ou cipó emético, rubiácea vivaz do<br />

Brasil (Cephaelis ipecacuanha RICH e WILT, Calliocca<br />

GOMES e BROT), ain<strong>da</strong> entra nos nossos dias nos<br />

seguintes preparados: tintura de ipecacuanha, vinho<br />

de ipecacuanha, xarope de ipecacuanha, composto.<br />

Também os electuários, mistura de pós<br />

medicamentosos, hoje caídos em desuso, mas aos<br />

quais ain<strong>da</strong> se encontram referências, como na obra<br />

de Aquilino Ribeiro, «Quando ao gavião cai a pena»:<br />

«um vinagrinho fenomenal que lhe vinha dum primo,<br />

mestre em pivetes e electuário», sendo a teriaga o<br />

mais notável, constituíam terapêutica muito usa<strong>da</strong>,<br />

contendo a lista do Dr. Alexandre Ferreira o pedido de<br />

frascos de to<strong>da</strong>s as quali<strong>da</strong>des de vinagres.<br />

O uso de electuários já vinha de longe. Assim no<br />

Livro <strong>da</strong> virtuosa Benfeitona, do Infante D. Pedro,<br />

referencias são feitas aos electuários: «...e deu<br />

leytoayro ao cavaleiro com q o fez dormir<br />

prollonga<strong>da</strong>mente»...«e quall leytoayro trazerá<br />

espécies tão estrema<strong>da</strong>s q faça delectaçom mais<br />

saborosa».<br />

Amato Lusitano também os utiliza, nas CURA X, 1ª<br />

Centúria - Duma febre sanguínea e na CURA XV - Da<br />

supressão <strong>da</strong> menstruação e de exantemas que<br />

aparecem por todo o corpo, terminando, neste último<br />

caso com a prescrição de banho feito de água doce<br />

em que foram cozi<strong>da</strong>s rosas vermelhas.<br />

Já vimos a importância que Amato Lusitano <strong>da</strong>va à<br />

água de flor de larangeira como vomitivo; na higiene<br />

corporal dá à rosa a importância que os antigos lhe<br />

<strong>da</strong>vam no Oriente, segundo a afirmação do árabe<br />

Abd-er-Razzak:. “Esta gente não pode viver sem<br />

rosas, que consideram tão necessárias quanto os<br />

alimentos!”<br />

Chegados ao Oriente os Portugueses verificaram<br />

que a rosa e o seu perfume eram um dos elementos<br />

<strong>da</strong> higiene dos corpos. Com as pétalas de rosas se<br />

atapetava o chão <strong>da</strong>s casas, para os pés descalços<br />

<strong>da</strong>s pessoas, homens e mulheres muito mais<br />

cui<strong>da</strong>dos que os dos europeus.<br />

Com pétalas de rosa (Rosa centifolia e Rosa<br />

<strong>da</strong>mascena MILL), rosáceas arbustivas <strong>da</strong> Ásia,<br />

prepara-se água de rosas. Orta refere a Rosa persica<br />

como “mézinha muito usa<strong>da</strong>”; “e pera hum nome se<br />

purgar levemente tomão rosas em boa quanti<strong>da</strong>de e<br />

cozenas muyto...”<br />

Amato na CURA XXXIII, 6ª Centúria receita um lavacro<br />

para os pés do doente com rosas vermelhas, e um<br />

decocto de rosas secas.<br />

Os calmantes mais usados externamente no século<br />

XVIII eram os láu<strong>da</strong>nos e os bálsamos. Nos primeiros<br />

17<br />

procuravam-se os efeitos se<strong>da</strong>tivos do ópio. Do ópio,<br />

suco leitoso <strong>da</strong> papoula (Papa ver sonniferum LINN),<br />

do qual Tomé Pires escreveu: «os homens<br />

costumados a comêllo an<strong>da</strong>m sonorentos,<br />

desvairados, os olhos vermelhos; nem an<strong>da</strong>m em seu<br />

sentido. Custuma-se, porque hos provoca luxuria; he<br />

de pranta de dormideiras.<br />

He boa mercadoria; gasta-se em grande canti<strong>da</strong>de<br />

e vall muito. Costuma-se a comer, os reis e senhores<br />

em canti<strong>da</strong>de de «avellã», a gente baixa come menos,<br />

poque custa caro».<br />

A <strong>medicina</strong> utiliza-o ain<strong>da</strong> e sempre, assim como<br />

os alcalóides que contém (morfina, codeína,<br />

papaverina), como calmante e como sonífero e<br />

analgésico. Continua sendo uma droga preciosa. Entra<br />

em certos preparados opiados como o láu<strong>da</strong>no.<br />

Amato Lusitano, na CURA XLIV, 4ª Centúria - De<br />

disenteria cura<strong>da</strong> com a poção de Filónio o Romano,<br />

em virtude dos três opiados que continha, receita-o<br />

como medicamento estupefaciente, ou para dores<br />

fortíssimas ou para longas insónias.<br />

Nas listas do Dr. Alexandre Ferreira, encontramos<br />

6 onças de ca<strong>da</strong> um dos láu<strong>da</strong>nos que nela figuram.<br />

Láu<strong>da</strong>no líquido, que é o Láu<strong>da</strong>no de Sydenham, ain<strong>da</strong><br />

usado, e o láu<strong>da</strong>no opiado, citado na Pharmacopeia<br />

Tubalense, e do qual diz: «he louvado em to<strong>da</strong>s as<br />

dores»; «he sagra<strong>da</strong> Anchora nos vómitos e cameras,<br />

que acompanham as febres terçãs».<br />

O paludismo tem por principal sintoma a febre, febres<br />

intermitentes que surgem por acessos, com<br />

varie<strong>da</strong>des chama<strong>da</strong>s terçãs, febre quartã, febre<br />

palustre, febre dos pântanos, etc.<br />

Conhecido desde a Antigui<strong>da</strong>de, existia em estado<br />

endémico em muitos países.<br />

Note-se que já no início do século XIX a febre era<br />

um substantivo cujo singular era mais claro que o plural.<br />

No século XVI, era desconheci<strong>da</strong> a sua origem, e<br />

desconheci<strong>da</strong> a quinina, que ain<strong>da</strong> hoje é considera<strong>da</strong><br />

pela Organização Mundial de Saúde, como o remédio<br />

mais eficaz contra o paludismo, pois que, se não<br />

elimina o parasita no sangue, evita a crise.<br />

Ora no século XVI Amato Lusitano procurava apenas<br />

evitar a crise, e assim, na CURA VIII, 1ª Centúria- De<br />

Febre Quartã, deu ao doente muitos e variados<br />

medicamentos, que ora diziam respeito à bílis negra,<br />

ora ao baço.<br />

Por fim deu-lhe um medicamento purgativo,<br />

comentando que tanto nas febres quartãs como nas<br />

falsas terçãs é bom conselho purgar-se no dia <strong>da</strong><br />

aflição. Também diz ser de bom conselho <strong>da</strong>r teriaga,<br />

no dia <strong>da</strong> crise, com vinho branco e em jejum,<br />

estabelecendo um método de alimentação especial.<br />

Recomen<strong>da</strong> que o doente tome coisas salga<strong>da</strong>s,<br />

mostar<strong>da</strong>, pimenta, um purgante especial (dios<br />

politicum) e um remédio de três espécies de pimentas,<br />

para deitar todos os dias nos caldos e na alimentação.<br />

- Uma notícia <strong>da</strong> pimenta como agente terapêutico,

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