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Historia da medicina - História da Medicina - UBI

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de pagar a «patente» que era sempre uma quantia<br />

avulta<strong>da</strong> a entrar para o monte dos adultos. Crianças<br />

sem mal<strong>da</strong>de nem astúcia, só pelo prazer de ganhar<br />

«por inteiro» aceitavam muito contentes e, quando<br />

chegavam à terra, atiravam um foguete por terem<br />

atingido aquela honra.<br />

O manajeiro recebia ain<strong>da</strong> a “manajaria”, quantia<br />

que, segundo o contrato, era retira<strong>da</strong> do monte de<br />

ca<strong>da</strong> ceifeiro, incluindo os garotos.<br />

No dia imediato ao <strong>da</strong>s contas, efectuava-se a parti<strong>da</strong><br />

para a Beira, nos mesmos termos em que tinham<br />

chegado, apenas com a diferença de que levavam mais<br />

burros...<br />

Nas locali<strong>da</strong>des de que eram naturais, esperavamnos<br />

com grande ansie<strong>da</strong>de, porque a sua ausência<br />

tinha causado grandes modificações no ritmo normal<br />

dos seus costumes. Durante gerações, a ceifa foi um<br />

acontecimento importante nestas povoações. Apesar<br />

dos bailes domingueiros se continuassem a fazer na<br />

eira, não tinham a alegria habitual porque faltavam<br />

muitos rapazes. As mulheres casa<strong>da</strong>s e as noivas,<br />

que tinham os seus homens no Alentejo, não <strong>da</strong>nçavam<br />

“porque não parecia bem”. Então os cantadores, que<br />

tinham ficado, dedicava-lhes cantigas que, por vezes,<br />

as faziam chorar.<br />

“O caminho do Alentejo<br />

Todo o ano é seguido:<br />

Os homens com as passa<strong>da</strong>s<br />

As mulheres com o sentido.<br />

Faz calor que abrasa o mundo<br />

Senhor, man<strong>da</strong> a fresquidão,<br />

Que an<strong>da</strong> o meu amor na ceifa<br />

Faltado de compreensão.<br />

Eu venho do Alentejo<br />

Enfa<strong>da</strong>do do caminho<br />

Já por aqui não há quem diga:<br />

- Assenta-te um poucochinho.”<br />

Até as <strong>da</strong>tas <strong>da</strong>s festas religiosas mu<strong>da</strong>ram,<br />

celebrando-se, no dia próprio do santo, apenas a<br />

missa assinala<strong>da</strong> no calendário cristão. A festa,<br />

propriamente dita, com a procissão e a parte profana<br />

só se realizava mais tarde, depois <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos<br />

52<br />

“ratinhos”. Nas freguesias do concelho de Proença-a-<br />

Nova, a festa do Sagrado Coração de Jesus, que<br />

deveria realizar-se na 6ª feira a seguir à festa do Corpo<br />

de Deus, pela ausência de tantos homens ocupados<br />

na ceifa, foi transferi<strong>da</strong> para as Têmporas do Outono,<br />

aproveitando-se para agradecer as graças pedi<strong>da</strong>s nas<br />

Têmporas <strong>da</strong> Primavera. Na aldeia do Padrão, cujo<br />

orago é S. João Baptista, festejado pela Igreja em 24<br />

de Junho, ain<strong>da</strong> hoje a grande festa tem lugar na última<br />

semana de Agosto.<br />

Os “ratinhos” foram muito importantes para a<br />

produção de trigo no país - escravos do século XX!<br />

Em 1957, ain<strong>da</strong> foram ao Alentejo (mas de autocarro)<br />

150 ceifeiros do concelho de Proença-a-Nova.<br />

A i<strong>da</strong>de de ser ratinho acabou! A classe extinguiu-se<br />

nos anos 60, substituí<strong>da</strong> pelas máquinas.<br />

Notas<br />

(1) No Alentejo costumavam chamar “cope” ao fato.<br />

Bibliografia<br />

Almei<strong>da</strong>, Fialho de, Os Gatos e Separata Ceifeiros.<br />

Livraria Clássica Edidora, Porto, s/d.<br />

Camacho, M. Brito, Memórias e Narrativas<br />

Alentejanas. Prefacia<strong>da</strong>s e selecciona<strong>da</strong>s por Óscar<br />

Lopes, Colecção Textos esquecidos. Guimarães<br />

Editores. L<strong>da</strong>. Lisboa, 1988.<br />

Espanca. Florbela, Sonetos, Livraria Bertrand. Ven<strong>da</strong><br />

Nova - Amadora. 1978.<br />

Picão, José <strong>da</strong> Silva, Através <strong>da</strong>s Campas,<br />

Publicações D. Quixote. Colecção Portugal de Perto,<br />

Lisboa. 1983.<br />

Salvado, António, Antologia, Tip. Jornal do Fundão.<br />

1985.

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