Anuário Brasileiro do Arroz 2011 - Unemat

A combinação de arroz com feijão, itens básicos
na alimentação dos brasileiros, parece não
estar mais com a mesma importância de antigamente.
Pelo menos, no preparo caseiro. A Pesquisa
de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada
em dezembro de 2010, mostra que o consumo
dos dois grãos caiu no período de 2002 a
2009. Por outro lado, o levantamento identificou
aumento na compra de comida industrializada e
de bebidas, principalmente cerveja e refrigerante.
De acordo com o relatório do IBGE, o consumo
domiciliar de arroz sofreu queda de 40,5% no espaço
de tempo analisado, passando de 24,5 quilos
por habitante/ano para 14,6 quilos. No feijão
o recuo verificado não foi tão acentuado. A compra,
que era de 12,3 quilos em 2002, situava-se
em 9,1 quilos em 2009.
A mudança de hábitos, motivada pela rotina
agitada da população, é o principal motivo de
a dupla arroz/feijão ter perdido espaço na mesa
dos brasileiros. “Cada vez mais as pessoas estão
fazendo as refeições fora de casa. Mas isso não
significa que elas pararam de comer arroz e feijão”,
avalia o pesquisador Alcido Elenor Wander,
da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de
Goiás (GO).
Outro fator importante, de acordo com o pesquisador,
é o aumento da renda da população nos
últimos anos. “Nessas situações, o consumo de
arroz tende a diminuir, pois as pessoas optam por
outros produtos, a que não tinham acesso antes”,
avalia. No caso do feijão, o que desmotiva,
explica Wander, são as variações no preço.
Conforme o pesquisador, os números do IBGE
não revelam o consumo per capita total e sim o
que ocorre em casa. Dessa forma, aponta, 53%
do arroz era consumido em casa em 2002; em
2009, o índice caiu para apenas 33%. “Há uma
suave tendência de queda, em relação ao biênio
1997/98, quando o consumo aparente chegou
a 48 kg/habitante/ano, e em 2010 ficou em 43
kg”, ressalta.
Com relação ao feijão, Wander enfatiza que
em 2002 o consumo em domicílio representava
78% do total, baixando a 54% em 2009. “A partir
do início da década de 1990 ocorreu ligeiro
aumento do consumo de feijão, com pequenas
variações na média per capita”, observa. O pesquisador
acredita que esse comportamento é
fruto de oscilações no preço do produto, assim
como a maior ou menor inserção do grão em programas
sociais do governo. Quanto ao consumo
aparente, ele refere que era de 12,6 kg/habitante/ano
em 1990, chegando a 16,9 kg duas décadas
mais tarde.
A MESA NO MUNDO Os últimos dados
oficiais da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) sobre o consumo
mundial de arroz e de feijão são de 2007.
Segundo o pesquisador Alcido Elenor Wander, os
números revelam que, no geral, a utilização do
arroz na alimentação não teve a mesma queda
observada no Brasil, sendo o consumo médio de
53 kg/habitante/ano. “Já está nesse patamar há
uns 15 anos”, observa.
Ao contrário do arroz, o feijão tem sofrido
reduções contínuas no consumo per capita mundial,
avaliado pela FAO em 2,5 kg. Wander lembra
que, no início da década de 1960, era de 3 kg/
habitante/ano.
POPULAÇÃO
ESTÁ FAZENDO
MAIS REFEIÇÕES
NA RUA
Inor Ag. Assmann
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