Anuário Brasileiro do Arroz 2011 - Unemat

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Estranhos no ninho
falta de novidades tecnológicas Para combater
o arroz vermelho faz esPecialistas reforçarem a
conscientização quanto ao manejo adequado
Em uma das salas do prédio de
Agronomia da Estação Experimental
do Instituto Rio-grandense do Arroz
(Irga), em Cachoeirinha (RS), imagens
de lavouras infestadas por arroz
vermelho, projetadas no telão, preocupam.
O sentimento, no entanto,
não é exclusivo da equipe da instituição.
Em todo o Rio Grande do Sul,
onde a planta daninha surge em cerca
de 60% das plantações, a preocupação
acomete produtores, vendedores,
técnicos e especialistas.
A ausência de novas tecnologias
para combater a infestação faz com
que o engenheiro agrônomo Valmir
Gaedke Menezes, do Irga, profetize:
“não esperem milagres”. Para ele, o
principal meio de amenizar o problema
é investir na conscientização do
produtor quanto ao manejo correto.
Isso se justifica, pois práticas não
recomendadas, como uso de semente
não certificada, utilização de herbicidas
abaixo do recomendado e plantio
na mesma área por várias safras consecutivas,
podem desencadear maior
incidência do arroz vermelho.
De acordo com o engenheiro agrônomo
Augusto Kalsing, da mesma
instituição, muitos orizicultores já se
conscientizaram e adotaram as medidas
recomendadas. A procura por
sementes certificadas do Irga, por
exemplo, registrou aumento no último
ano. Ele salienta que a difusão de
informações é permanente. Durante
a safra 2010/11, o instituto reuniu
5 mil produtores em palestras, dias
de campo e roteiros, nos quais foram
repassadas orientações para o com-
bater o problema.
TEMIDO Especialista em herbologia
e manejo da cultura, Valmir
Gaedke Menezes, do Irga, vê o arroz
vermelho como o problema número
um para a cultura, entre plantas daninhas,
pragas e doenças. Além de
interferir na qualidade do grão e no
potencial de produtividade da lavoura,
pode inviabilizar toda a produção,
dependendo do grau de infestação. O
Rio Grande do Sul, por exemplo, registrou
perda de 1,2 milhão de toneladas
de grãos na última safra, o que re-
presenta prejuízo em torno de R$ 200
milhões, segundo Menezes.
O uso do sistema Clearfield, fora dos
padrões recomendados, é um exemplo
de que a falta de conscientização pode
comprometer o meio orizícola. Hoje
aproximadamente 600 mil hectares
são cultivados nesse sistema, contudo,
salienta Menezes, muitas dessas áreas
estão infestadas com plantas de arroz
vermelho resistentes ao herbicida
recomendado para essa tecnologia. O
pesquisador também afirma que, na última
safra, cerca de 70% das amostras
de sementes de plantas, que escaparam
do controle nesse sistema, apresentavam
a característica da resistência.
Trabalhar com mais de uma ferramenta,
com o intuito de diminuir os
bancos de sementes de arroz vermelho,
é essencial, conforme Menezes.
Ele afirma que, atualmente, a planta
daninha não é mais uniforme. Com o
tempo, surgem as variações genéticas
que, consequentemente, tornam
necessária a busca de novos métodos
Inor Ag. Assmann
de combate. Nesse sentido, Augusto
Kalsing, do Irga, menciona que “para
atingir o rendimento potencial de
grãos dessa cultura, as plantas de arroz
devem estar livres da interferência
das infestantes desde a semeadura da
lavoura até a colheita da produção”.
Prática que pode agregar qualidade e
tranquilidade a cada safra.