Anuário Brasileiro do Arroz 2011 - Unemat

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Vermelho do bem
há quase cinco séculos, arroz vermelho é Plantado
e consumido na culinária regional do nordeste do
brasil, mas está em Processo de extinção
Base da alimentação de escravos e
pobres no Brasil Colônia, o arroz vermelho
do Nordeste, também conhecido
como arroz-da-terra ou arroz-de-Veneza,
produzido no Vale do Piancó, no Estado
da Paraíba, está sendo resgatado por
meio de um processo que busca a obtenção
do selo de Indicação Geográfica
(IG). O produto está em risco de extinção.
Entre as metas principais a iniciativa
de produtores, pesquisadores, organismos
governamentais e não governamentais
busca evitar a perda de material
genético, garantir a segurança alimentar
do sertanejo, criar meios de incentivar
a produção e o consumo, valorizá-lo e
obter reconhecimento internacional por
meio da indicação geográfica.
Trazido ao longo de quase cinco séculos
até os dias atuais pelo hábito alimentar
e as roças da Paraíba, de Pernambuco
e do Rio Grande do Norte, esse cereal de
tonalidade avermelhada é iguaria muito
apreciada da cozinha nordestina. Pode
ser encontrado em menor densidade no
Ceará, na Bahia, em Alagoas e no Norte
de Minas Gerais. A superfície cultivada
com o cereal no Brasil está em torno de
10 mil hectares por safra, das quais metade
é cultivada na Paraíba. Ultimamente
cresce sua demanda em restaurantes de
centros consumidores, como São Paulo
(SP), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF).
“É um grão de relevante importância
social e econômica”, atesta José Almeida
Pereira, pesquisador da Embrapa Meio
Norte, de Teresina (PI). Segundo ele, o
grão cultivado na região pode ser considerado
um produto ecologicamente limpo,
pois nunca recebeu tratamento com
agrotóxicos. São lavouras de subsistên-
cia, sem uso de tecnologia, com média
produtiva de 1 tonelada por hectare. Ele
não tem relação com o arroz vermelho
encontrado no Sul, onde a mutação de
mesmo nome é uma erva daninha.
DISTINÇÃO O processo de obtenção
da Indicação Geográfica do Arroz
Vermelho do Vale do Piancó (PB), que
envolve os municípios de Santana dos
Garrotes, Nova Olinda, Piancó, Olho
D’água, Aguiar, Emas, Catingueira e
Igaracy, está em fase de consolidação,
buscando inicialmente a Indicação de
Procedência. Foi assinado convênio entre
o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa), a Federação da
Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa)
e o Serviço Nacional de Aprendiza-
gem Rural (Senar-PB) para execução do
processo, que deve ser concluído até
julho de 2011. Neste primeiro semestre
está se desenvolvendo o trabalho com os
produtores no Regulamento de Uso e na
delimitação da área, esta com apoio do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Segundo Manoel Octávio Silveira da
Mota, um dos coordenadores do projeto,
“obter o selo equivale a garantir a continuidade
da cultura de acordo com sua
origem e características regionais, além
de criar uma rede de segurança em torno
do arroz vermelho, agregando-lhe valor
comercial”. Um dos grandes desafios do
projeto é a organização da cadeia produtiva
e dos sistemas de manejo.
Em uma coleta de germoplasma pelo
Norte e Nordeste e parte do Sudeste do
Brasil, 26 diferentes variedades foram
encontradas. Elas dão início ao banco de
Inor Ag. Assmann
material genético que deve dar origem
a cultivares com boas características
agronômicas e melhores tecnologias de
manejo, que serão geradas pela Embrapa.
A empresa mantém unidades de observação
e experimentos na Paraíba para
transferir tecnologias à cultura. Duas
linhagens foram semeadas na Fazenda
Mocó, em Souza (PB) — a MNA PB 0405
e a MNA CH 0501 para testes, com bons
resultados iniciais e poderão se tornar
variedades comerciais. Em 2011, a Embrapa
Arroz e Feijão (GO) somou-se ao
projeto.