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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 41<br />

a construção das paisagens sonoras<br />

É preciso compreender de que forma a música está<br />

inserida na dinâmica do videoclipe. Como o elemento mu-<br />

sical vai dialogar com a imagem e com a edição. Afinal<br />

de contas, a música é tanto o constituinte videoclíptico<br />

que evoca uma espécie ou efeito de narrativa quanto responsável,<br />

de maneira geral, pelo ritmo da montagem do<br />

vídeo. Se a canção apresenta-se mais “rápida”, por exemplo,<br />

através de melodias eletrônicas e batidas sincopadas,<br />

há uma tendência a que o videoclipe também se referencie<br />

com uma edição “rápida”. o efeito contrário, de um videoclipe<br />

de uma música mais lenta, também implicará, de<br />

maneira geral, a que se tenha uma edição menos frenética.<br />

Mais uma vez, é preciso relativizar: estamos tratando<br />

de generalizações, tendências. há videoclipes, sobretudo<br />

de música eletrônica, que subvertem esta implicação:<br />

apresentam, por exemplo, imagens não-editadas (e “lentas”,<br />

por exemplo) com uma canção de batidas frenéticas.<br />

a noção de edição também parece problemática no<br />

videoclipe. a movimentação de câmera e as mobilidades<br />

dentro de um mesmo plano também fornecem subsídios<br />

para a apreensão de um efeito de montagem que se apresenta<br />

no clipe. Como exemplo, podemos citar o clipe Be-<br />

bendo Vinho, sobre canção do grupo ira!, que abarca o<br />

conceito de plano-seqüência (tomada sem corte), mas<br />

cuja movimentação de câmera fornece subsídios para se<br />

perceber um efeito de montagem tal qual, por exemplo,<br />

há no filme Festim Diabólico, de alfred hitchcock, onde as<br />

mudanças de ambientes evocam uma sensação de novos<br />

quadros que se apresentam ao longo da narrativa. Devemos<br />

nos remeter ao conceito de “efeito” de montagem,<br />

uma vez que se torna praticamente impossível, com os<br />

inúmeros artifícios de produção e pós-produção nas ilhas<br />

de edição, identificar até onde, por exemplo, o que aparece<br />

no vídeo é gerado na edição propriamente dita ou<br />

oriundo de efeitos especiais. Esta aparente “confusão” fica<br />

evidenciada no videoclipe Imitation of Life, sobre música<br />

do grupo reM, onde uma única imagem é aproximada-e-<br />

-afastada bruscamente, gerando um efeito de zoom sobre<br />

determinada zona desta imagem. Assim, não fica claro,<br />

a olhos leigos, se aquilo se trata de algo que é captado<br />

na câmera ou se é um efeito de pós-produção. o mesmo<br />

efeito de edição, que mais do que revelar limites de cortes<br />

entre determinadas cenas, aponta elos entre as situações<br />

apresentadas, pode revelar um “efeito” de plano-seqüência,<br />

como no vídeo Don’t Let Me Get Me, protagonizado<br />

por Pink, onde a partir de visíveis efeitos especiais, o espectador<br />

vivencia uma série de situações do cotidiano da<br />

cantora-personagem sem que haja cortes entre as cenas<br />

(a “câmera” passeia por determinados ambientes e realiza<br />

estripulias visuais – como entrar no olho da própria can-<br />

capa sumário elivre autor

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