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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 55<br />
Bakhtin, gênero e mTV<br />
Teórico social e literário russo, Mikhail Bakhtin é<br />
um dos mais funcionais pensadores do século XX, sendo<br />
autor de conceitos que envolvem desde a filosofia de linguagem,<br />
passando pela psicanálise e chegando à crítica<br />
literária. autor e colaborador de obras como O Marxismo<br />
e A Filosofia da Linguagem, O Freudismo: Uma Crítica<br />
Marxista e Questões de Estética e de Literatura, os preceitos<br />
bakhtinianos, a partir da emergência dos estudos<br />
que percebiam áreas de intersecção entre a comunicação,<br />
a lingüística, a teoria da literatura e a sociologia,<br />
passaram a ser largamente utilizados como instrumentais/ferramentas<br />
de análise/compreensão dos objetos<br />
comunicacionais. Categorias e termos criados por Mikhail<br />
Bakhtin como “dialogismo”, “carnavalização” e “polifonia”<br />
apresentam tantas nuances semânticas quanto aplicabilidades<br />
teóricas. É no esteio das aberturas latentes<br />
na(s) teoria(s) bakhtiniana(s), que propomos vislumbrar<br />
uma aproximação dos conceitos do pensador russo com<br />
o videoclipe.<br />
o primeiro ponto que faz com que os conceitos de<br />
Bakhtin sejam funcionais no contato com o videoclipe é a<br />
noção de gênero proposta pelo pensador russo. Tomando<br />
o postulado de que pensar um gênero é, fundamentalmente,<br />
privilegiar uma abstração, estabelecer parâmetros<br />
para a eleição de um princípio que, mesmo não sendo o<br />
todo, representa este todo, criando regularidades esquemáticas<br />
através de temas, retóricas e enunciados, o gênero<br />
origina um tecido estável onde transitam estas tramas<br />
de linguagens que encontram espaços de intersecção. o<br />
gênero, para Bakhtin, é fruto de elaborações de tipos relativamente<br />
estáveis de enunciados, sendo, portanto, o<br />
enunciado o reflexo das condições específicas e finalidades<br />
das esferas de linguagem da atividade humana. ou<br />
seja, temos um enunciado a partir da seleção operada nos<br />
recursos de linguagem, mas, também, e, sobretudo, na<br />
construção composicional.<br />
os três elementos (conteúdo temático, estilo e construção<br />
composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo comunicacional<br />
e todos eles são marcados pela especificidade de<br />
uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado<br />
isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização<br />
da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de<br />
enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.<br />
(BaKhTiN, 1997, p. 279)<br />
O videoclipe configura-se num gênero audiovisual<br />
na medida em que é possível identificar tipos relativamente<br />
estáveis de enunciados (alta freqüência na edição,<br />
imagética com alto poder de saturação cromática, presença<br />
do artista dublando a canção, opção pela música<br />
pop, etc), no entanto, estamos tratando de categorias re-<br />
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