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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 75<br />

Nada parece estar fora do lugar ou tudo parece lon-<br />

ginquamente idílico, como no vídeo Hello, com o cantor<br />

Lionel ritchie, típico exemplar desta categoria, onde se<br />

tem uma narrativa mostrando o relacionamento entre<br />

um homem e uma mulher cega (remontando a temática<br />

homem-apaixona-se-por-deficiente explorada pelo cinema<br />

comercial americano no melodrama Filhos do Silêncio,<br />

com William hurt). a ausência ou a espera por um amor<br />

também podem ser encarados como temas de vídeos românticos,<br />

como Time After Time, com Cyndi Lauper. as<br />

figuras paternas, como em Papa Don’t Preach, a partir de<br />

canção de Madonna, revelam o embate entre uma garota<br />

que quer ter um bebê, mas esbarra na intransigência do<br />

pai que não aceita seu romance.<br />

e.ann Kaplan elege também o vídeo socialmente<br />

consciente como parte integrante de sua classificação. Segundo<br />

a teórica, esta natureza videoclíptica pode mesclar<br />

elementos narrativos ou não-narrativos, no entanto, é a<br />

postura ideológica politicamente explícita que define o vídeo<br />

desta categoria: “o vídeo socialmente consciente é, do<br />

ponto de vista de seu enunciado, o que mais próximos nós<br />

temos da tradição moderna da cultura de esquerda que,<br />

deliberadamente, se posiciona contra a dominante burguesia<br />

da sociedade”. (KaPLaN, 1987, p. 65) É, portanto, um<br />

tipo de vídeo onde há um explícito posicionamento contra<br />

as forças hegemônicas. esteticamente, como a própria Kaplan<br />

atesta, não aponta diretrizes muito limítrofes acerca<br />

da opção pela narração ou não-narração. o que pare-<br />

ce estabilizar a categoria é, quase sempre, uma postura<br />

agressiva do artista como reforço do discurso imagético<br />

engendrado pelo videoclipe. obras como Authority Song,<br />

com John Cougar, Look Back in Anger, a partir de canção<br />

de John osborne ou Mother’s Talk, com o Tears for Fears<br />

podem ser elencadas. grupos musicais de tradição no discurso<br />

político como os irlandeses do U2 (Sunday Bloody<br />

Sunday, Miss Sarajevo) ou do Cranberries (Zombie) também<br />

possuem videoclipes socialmente conscientes com características<br />

mais poéticas. o rage against the Machine em<br />

seus clipes Bulls on Parade e People of the Sun parecem<br />

deixar o discurso social e político ainda mais verborrágico.<br />

No Brasil, bandas como o rappa, com seus videoclipes A<br />

Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero) e O Que Sobrou do<br />

Céu também se aproximam deste conceito.<br />

a categorização da americana e.ann Kaplan segue<br />

com os vídeos considerados niilistas, onde se mapeiam<br />

características não-narrativas, acentuando uma mistura<br />

de temas como sadismo, masoquismo, homossexualismo<br />

e androginia. Numa comparação com os gêneros do rock,<br />

o vídeo niilista estaria próximo do heavy metal, do punk<br />

ou do glam rock (onde vocalistas do sexo masculino assumiam<br />

posturas/indumentária femininas). associando-<br />

-se à linhagem temática freudiana de e.ann Kaplan, os<br />

clipes desta categoria teriam seus artistas, personagens<br />

ou enredos engendrados na fase fálica. elementos de autoridade<br />

como o próprio niilismo (a crença de que nada<br />

tem valor, o despojamento), a anarquia e a violência pon-<br />

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