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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 99<br />

Pictures Classics e Warner Bros. entre suas produções,<br />

destaque para Eu Tu Eles, de andrucha Waddington (se-<br />

leção oficial do Festival de Cannes 2000) e O Homem do<br />

Ano, de José henrique Fonseca. Já as produções de TV<br />

(ficção, documentários e musicais) são exibidas em ca-<br />

nais como hBo Brasil, gNT, Multishow, MTV, Band, globo<br />

e distribuídas para mais de trinta países. a Conspiração já<br />

recebeu 32 prêmios VMB da MTV Brasil, incluindo Melhor<br />

Videoclipe do ano por quatro anos consecutivos.<br />

Já que estamos nos referindo à produção de videoclipes,<br />

vamos nos ater a este segmento na nossa abordagem<br />

da Conspiração. as obras produzidas pela Conspiração<br />

vêm flagrar não só uma articulação de proximidade<br />

entre as linguagens publicitária e cinematográfica, como<br />

já explicamos anteriormente, mas também problematizar<br />

a questão da representação da identidade brasileira na<br />

pós-modernidade. Como atesta Ângela Prysthon, numa<br />

breve síntese da cultura audiovisual brasileira nas últimas<br />

duas décadas, as produções realizadas, sobretudo<br />

nos anos 90, põem em xeque dois modelos de discurso<br />

da identidade nacional: um baseado num certo pós-<br />

-modernismo “internacionalizante” (típico dos anos 80),<br />

assimilando tendências estéticas tipicamente yuppies e<br />

outro pós-modernismo periférico, que visa trazer à tona<br />

uma condição de país periférico e de modernização lenta<br />

e incompleta.<br />

assim, o segundo pós-moderno brasileiro [periférico] vai tentar<br />

fazer a equação modernista e rearticular a identidade na-<br />

cional justamente com a consciência da globalização cultural.<br />

(...) Não se trata de uma vanguarda lançando idéias originais:<br />

a idéia de rearticulação da tradição e da identidade nacional<br />

com uma roupagem ‘globalizada’ não só faz parte do establishment,<br />

como assegura o funcionamento do mercado cultural<br />

no Brasil de hoje. (PrYSThoN, 2002, p. 77)<br />

os conceitos de discurso mais “internacionalizante”<br />

e de rearticulação da tradição parecem estabelecer<br />

um diálogo com os princípios da linguagem publicitária<br />

e cinematográfica presentes no videoclipe nacional. Se,<br />

como objeto publicitário, o videoclipe almeja uma certa<br />

“limpeza conceitual” que reverbera na percepção do planejamento<br />

de cada elemento estético disposto no audiovisual,<br />

em contrapartida, são inseridas idéias que negociam<br />

com o princípio da tradição e da identidade nacional.<br />

Este aparente conflito encenado no videoclipe, que evoca<br />

o princípio do funcionamento do mercado cultural brasileiro,<br />

vai ser fundamental para entender um certo apego dos<br />

produtores nacionais do audiovisual por uma estetização<br />

da miséria, do subalterno e dos mecanismos sociais da<br />

periferia. Nesta perspectiva, o videoclipe configura-se um<br />

espaço híbrido, onde a idéia de globalização apresenta-se<br />

como um filtro estetizante do recorte empreendido como<br />

síntese da identidade nacional.<br />

esta problemática que une dois modelos do discurso<br />

pós-moderno (o “internacionalizante” e o periférico) vai<br />

ser encenada, por exemplo, no videoclipe Segue o Seco,<br />

dirigido por Cláudio Torres, em música cantada por Marisa<br />

capa sumário elivre autor

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