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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 125<br />
sica pop e com o universo do videoclipe. Neste capítulo,<br />
para falarmos do processo de geração de significados na<br />
moda e posterior ambiente de semiose entre o conceito<br />
de determinado artista e a moda, daremos um recorte teórico<br />
sobre a cantora Madonna, dona de uma vasta obra<br />
de videoclipes e condizente com o universo conceitual<br />
aqui abarcado.<br />
a cantora norte-americana Madonna adentrou ao<br />
meio acadêmico como forma de pensar questões relativas<br />
à construção da identidade midiática. Teóricos, como os já<br />
introduzidos neste trabalho andrew goodwin, e.ann Kaplan<br />
e mais Douglas Kellner e Camille Paglia escreveram<br />
uma série de artigos explorando as facetas da cantora<br />
que, através das modificações e modulações discursivas,<br />
conseguiu instaurar o discurso, por exemplo, a favor e<br />
contra o feminismo. Madonna, na verdade, teve sua primeira<br />
representatividade acadêmica sendo uma “bandeira”<br />
das teóricas feministas que pregavam a atitude da<br />
mulher “sem máscaras”. Assim a define Kaplan:<br />
Madonna representa a heroína do pós-modernismo feminista<br />
por combinar uma ingênua carga sedutora com um corajoso<br />
tipo de independência. ela costuma transitar, portanto, entre<br />
construções de identidades masculinas e femininas, mas, longe<br />
da bipolaridade, aparenta estar fazendo o seu jogo. (Ka-<br />
PLaN, 1987, p. 126)<br />
o que Kaplan quer dizer é que Madonna não corresponde<br />
à bipolaridade advinda da modernidade (homem-<br />
-mulher, arte erudita-arte popular, cinema-TV, ficção-re-<br />
alidade, público-privado, interior-exterior). Seu conceito<br />
enquanto artista pop é justamente o de mesclar tais eixos<br />
polarizadores, criando novas categorias, desequilibrando<br />
a aparente rota precisa do meio artístico na modernidade.<br />
É neste sentido que Madonna adentra ao conceito pós-<br />
-moderno: ela desestabiliza o eixo entre o homem e a<br />
mulher e, principalmente, entre o público e o privado. Fiel<br />
crítica do feminismo norte-americano, a antropóloga Camille<br />
Paglia atesta:<br />
o feminismo contemporâneo, que começou rejeitando Freud<br />
por seu suposto sexismo, fechou-se às idéias de ambigüidade,<br />
contradição, conflito, ambivalência. Sua psicologia simplista é<br />
ilustrada pelo novo furor sobre o estupro nos encontros românticos:<br />
‘Não’ sempre quer dizer ‘não’. (...) ‘Não’ sempre fez,<br />
e sempre fará, parte do perigoso e atraente ritual da corte e<br />
sedução sexuais, visíveis até no reino animal. (PagLia, 1993,<br />
p. 17)<br />
Camille Paglia defende a idéia do jogo implícito na<br />
ambigüidade discursiva da mulher. ao contrário do que<br />
as feministas pregariam, até então, “nada de máscaras”,<br />
a antropóloga enxerga como a mulher é “sempre máscaras”.<br />
e é este jogo de máscaras do qual faz parte a cantora<br />
Madonna. as várias facetas da cantora foram descritas<br />
pelo teórico andrew goodwin: “a imagem de Madonna foi<br />
extremamente importante para os últimos anos da década<br />
de 80, relocalizando a idéia de que a cantora era uma<br />
figura camaleônica cuja identidade mantinha-se instável”.<br />
(gooDWiN, 1992, p. 101) esta instabilidade das perso-<br />
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