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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 127<br />

nagens criadas por Madonna é que vai impulsionar Dou-<br />

glas Kellner a situar Madonna na questão da moda e da<br />

identidade. Segundo ele,<br />

o modo como Madonna usava a moda na construção de sua<br />

identidade, deixava claro que a aparência e a imagem ajudam<br />

a produzir o que somos, ou pelo menos o modo como somos<br />

percebidos e nos relacionamos. Portanto, Madonna problematizava<br />

a identidade, revelando seu caráter de construto e sua<br />

possibilidade de ser alterada. (KeLLNer, 2001, p. 341)<br />

É neste jogo entre ser e parecer, entre usar ou não<br />

usar máscaras que poderemos situar a obra videoclíptica<br />

de Madonna. as inúmeras “personagens” já construídas<br />

por Madonna ao longo de sua carreira passam: a) pela<br />

garota que é seduzida pelo fotógrafo de moda, mas na<br />

verdade é apaixonada pelo garoto pobre do bairro (Borderline);<br />

b) pela atriz que interpreta uma “garota materialista”,<br />

mas para conquistá-la não é preciso “anéis de<br />

diamantes”, e sim, romantismo (Material Girl); c) pela<br />

dançarina que seduz a todos fazendo strip-tease num<br />

peep-show, mas tem a ingenuidade de ficar “amiga” de<br />

uma criança (Open Your Heart); d) pela mulher que “se<br />

deixa acorrentar” e dá as ordens para seu amado (Express<br />

Yourself); e) pela diva-distante e enigmática, típica<br />

dos cartazes de hollywood (Vogue); f) pela mulher<br />

elegante que se deixa permitir em orgias entre homens<br />

e mulheres (Justify My Love e Erotica); g) pela apaixonada<br />

transitando por lugares “exóticos” (Secret e Take a<br />

Bow); h) pela mulher que ironiza e parodia suas próprias<br />

personas (Human Nature e Hollywood). Percebamos que<br />

estamos diante de um verdadeiro amálgama de tipos e<br />

de temas femininos conduzidos por uma subjetividade<br />

midiática geradora de uma instabilidade da identidade da<br />

mulher e sua força (e presença) criada a partir da ambigüidade<br />

deste discurso.<br />

É a moda que vai situar Madonna neste terreno de<br />

instabilidades. as roupas usadas pela cantora são evocativas<br />

das inúmeras fases pelas quais sua carreira já atravessou.<br />

Das aplicações de rendas sobre as roupas, dando<br />

uma impressão de que a “roupa de cima” ganhava nuances<br />

de “roupa de baixo” (como nos clipes Lucky Star e<br />

Like a Virgin), passando pelo pastiche do vestido usado<br />

por Marilyn Monroe em Os Homens Preferem as Loiras (no<br />

clipe Material Girl), chegando a uma evidenciada ênfase<br />

sobre seu próprio corpo (no corpete de Open Your Heart),<br />

Madonna encenou, primeiramente, uma evidência,<br />

através da roupa, de seus atributos corporais (o close no<br />

umbigo da cantora no clipe de Lucky Star foi alvo de um<br />

ensaio de Camille Paglia, o vestido de Material Girl evidencia<br />

as curvas femininas, suas pernas são largamente<br />

exploradas em Open Your Heart). a moda evidencia tal<br />

referencialidade corporal, sendo um constituinte da fase<br />

em que se tem mais bem constituído o gênero feminino<br />

na identidade de Madonna.<br />

em seguida, durante a realização da turnê de<br />

shows Blonde Ambition (Ambição Loira), percebemos a<br />

constituição de roupas realizada dentro de uma pers-<br />

capa sumário elivre autor

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