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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 79<br />
das múltiplas facetas de um artista, como no videoclipe<br />
Sing For The Moment, com o rapper eminem, em que o<br />
cantor aparece em vários momentos de sua turnê, em vários<br />
países, demonstrando uma modulação na aparência<br />
do artista, elevando-o a uma categorização amorfa.<br />
Chegamos à categorização dos videoclipes clássicos,<br />
segundo e.ann Kaplan, em seu livro Rocking Around<br />
the Clock. De acordo com a autora, “os vídeos clássicos,<br />
ora empregam a estrutura característica de hollywood do<br />
olhar masculino dirigido voyeuristicamente para figuras<br />
femininas transformadas em objetos de desejo por esse<br />
olhar”, ora “empregam ou parodiam gêneros hollywoodianos<br />
como o terror, o suspense e a ficção científica”. Na<br />
modelização clássica do videoclipe, voltamos quase que<br />
completamente ao terreno dos vídeos narrativos: a postura<br />
amorosa-sexual presente nos personagens dos clipes<br />
chamam pelo fetichismo a partir do olhar do homem. a<br />
autoridade é masculina, segundo Kaplan: ou seja, homem<br />
é sujeito, mulher é objeto.<br />
A incorporação de gêneros cinematográficos<br />
hollywoodianos é a tônica do vídeo Thriller, com Michael<br />
Jackson, um dos marcos da história do videoclipe, que trabalha<br />
a configuração estético-narrativa do gênero terror-<br />
-adolescente. Na incorporação do gênero de ficção científica,<br />
há Shock the Monkey, com Peter gabriel ou Oops...<br />
I Did it Again, sobre canção de Britney Spears. a transformação<br />
da mulher em objeto de desejo a partir do olhar<br />
masculino vai encontrar dois exemplos na videografia da<br />
cantora Madonna: os clipes Material Girl e Open Your Heart.<br />
No primeiro, Madonna é cobiçada por um diretor de<br />
cinema após ver uma performance da cantora cercada por<br />
homens (numa referência à clássica cena Diamond Are<br />
Girl’s Best Friend, de Marylin Monroe, em Os Homens Preferem<br />
as Loiras); no segundo, a cantora interpreta uma<br />
dançarina de peep show7 que é “olhada” por uma série de<br />
tipos físicos masculinos, mas opta por ser “amiga” de uma<br />
criança. Nos dois vídeos, a narrativa serve para negar a<br />
postura, a princípio, revelada pelo olhar masculino: a de<br />
“garota materialista” ou “objeto sexual”. em Material Girl,<br />
há uma dupla referencialidade com a categoria de videoclipe<br />
clássico: há tanto o olhar masculino voyeurístico<br />
sobre a mulher (o personagem que fica observando a performance<br />
de Marylin, o diretor que deseja a personagem<br />
de Madonna) quanto a incorporação, com certo tom de<br />
paródia, do gênero comédia-romântica-musical presente<br />
em Os Homens Preferem as Loiras – citado imageticamente<br />
em Material Girl.<br />
a quinta categoria de videoclipe a que se refere<br />
e.ann Kaplan é a do vídeo pós-moderno, ou seja, aquele<br />
que “recusa em assumir uma posição clara diante de<br />
suas imagens, seu hábito de margear a linha da não-<br />
-comunicação de um significado claro”. Temos, portanto,<br />
uma natureza de significação galgada em imagens que<br />
não alinhavam uma cadeia coerente, criando, além de um<br />
7 Clubes onde dançarinas fazem strip-tease ou sexo ao vivo<br />
sendo observadas por homens a partir de cabines individuais.<br />
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