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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 113<br />

são traduzidas através de duas sub-categorias: os retra-<br />

tos (imagens de personagens) e as imagens situacionais.<br />

Na primeira categoria, temos a perspectiva do camera<br />

conscious10 , ou seja, “câmera consciente” – o(s) objeto(s)<br />

sabem que estão sendo captados, posam, “metamorfoseiam-se”<br />

(segundo Barthes), e atuam segundo papéis<br />

que eles acham que exercem no contexto privado. Na segunda<br />

categoria, há um camera consciousness marcado<br />

na bidimensionalidade da imagem (os objetos não olham<br />

diretamente para a câmera), embora não se tenha a certeza<br />

de que eles (os objetos) saibam que estão sendo<br />

registrados.<br />

Marcas estéticas também levantam questões sobre<br />

a natureza das imagens familiares. a imagem “tosca” sobretudo<br />

na sua composição, com pontos “estourados” ou<br />

sem apresentar a precisão que pode ser oferecida pela<br />

fotometragem pode evocar o amadorismo peculiar nos<br />

eventos privados11 . o despojamento cênico e a ausência<br />

de precisão na luminosidade também são indícios de<br />

uma natureza imagética que traga à tona o conceito de<br />

lembrança. esta noção de “imagem de lembrança” ligeiramente<br />

“tosca”, imprecisa e amadora, situa-se no cam-<br />

10 os termos camera conscious e camera consciousness são utilizados<br />

pelo articulista arnaldo Jabor em seu livro Os Canibais<br />

Estão na Sala de Jantar. ele não cita a fonte de tais expressões.<br />

11 este “amadorismo” intencional vai ser um dos sustentáculos<br />

de movimentos cinematográficos contemporâneos, como o<br />

Dogma 95 (ver Festa em Família), ou de uma cinematografia<br />

“alternativa”, que ganhou status nos estados Unidos na década<br />

de 90.<br />

po da categorização de imagem mental feita por Lucia<br />

Santaella e Winfried Nöth e, mais ainda, numa espécie<br />

de versão romantizada das “imagens de lembrança”. em<br />

outras palavras, temos no consenso da categorização das<br />

imagens pessoais/familiares, a versão idealizada de que<br />

as imagens privadas precisam, para se auto-afirmarem<br />

enquanto “imagens pessoais/de família”, trazerem tais<br />

“sintomas” de amadorismo.<br />

Notamos, com isso, que a imagem pessoal/de família<br />

utilizada pela mídia é a idealizada: “tosca”, imprecisa,<br />

como se houvesse na imprecisão, nas marcas da ausência<br />

de uma profissionalização, algo de “admirável”, de “nobre”<br />

e de autêntico. os meios de comunicação de massa<br />

bebem, portanto, na fonte da autenticidade (ou pretensa<br />

autenticidade) das imagens pessoais/familiares como forma<br />

de apresentar uma extensão de afetividade que é peculiar<br />

deste tipo de material imagético. e é nesta relação<br />

entre os meios de comunicação (sobretudo a publicidade)<br />

e a afetividade que discorre o especialista em marketing<br />

de varejo, Luiz alberto Marinho:<br />

os executivos de marketing estão sendo obrigados a substituir<br />

argumentos racionais, como qualidade, preço baixo e prazo de<br />

garantia, por outros que apelam para a emoção, como design,<br />

modernidade e glamour. (MariNho, 2002, p. 166)<br />

Se nos lembrarmos da assertiva de Francis Vanoye,<br />

já mencionada, de que a emoção desencadeia um processo<br />

de ação, encontramos reverberação na defesa de<br />

Luiz Alberto Marinho de que os profissionais de marketing<br />

capa sumário elivre autor

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