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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 47<br />

traduzidas através de uma série de movimentos cíclicos<br />

que podem ser apresentados como sínteses do conceito<br />

de esferas do som.<br />

o clássico videoclipe Bohemian Rapsody, sobre<br />

canção do Queen, também pode ser abordado a partir<br />

dos dois conceitos que apresentamos: a paisagem sonora<br />

evocada pela música transmite o efeito de construção<br />

de um ambiente propício ao eco, como se houvesse uma<br />

reverberação na própria canção que precisasse ser devidamente<br />

ambientada pelo audiovisual. a criação de uma<br />

imagética caleidoscópica em Bohemian Rapsody configura-se<br />

num ponto de abordagem entre o efeito sinestésico<br />

e a proposição de um “local” onde a música seja “traduzida”<br />

em imagens. as inúmeras esferas do som em<br />

Bohemian Rapsody ganham contornos de uma espécie<br />

de “derrubada de dominós” pelas imagens que vão aparecendo<br />

a partir de um efeito de “fundo infinito” sobre a<br />

tela, de forma que quem está assistindo ao videoclipe,<br />

parece estar diante de uma tela repleta de espelhos e<br />

com um fundo infinito onde som e imagem se encontram<br />

para gerar um efeito sinestésico.<br />

efeitos como o existente em Groove is in The Heart<br />

(gerados em pós-produção) ou em Bohemian Rapsody<br />

(alguns gerados na câmera, no momento de captação)<br />

apresentam a perspectiva do efeito de câmera/edição<br />

como artefato capaz de produzir a tensão sinestésica. No<br />

entanto, a paisagem sonora pode ser, antes, um capricho<br />

de produção da direção de arte de um videoclipe, como<br />

é o caso do vídeo Smells Like Teen Spirit, sobre música<br />

do Nirvana, em que a distorção da guitarra da música<br />

aliada a um vocal “gritado” por Kurt Cobain funcionam<br />

como elementos capazes de buscar uma associação entre<br />

a referência cromática quente (laranja/amarelo/vermelho)<br />

geradora de uma paisagem sonora que, em muito,<br />

assemelha-se a uma idealização do inferno. Como se não<br />

bastasse esta macabra construção de ambientação, há<br />

ainda algumas esferas de som que acabam “sujando” ainda<br />

mais a sonoridade da música. assim, da mesma forma<br />

que a música vai ficando cada vez mais “suja” sonoramente,<br />

o videoclipe também ganha elementos de sujeira<br />

conceitual: fumaça, fogo, quebra-quebra. a reverberação<br />

da sonoridade na imagem cria, portanto, uma paisagem<br />

sonora macabra e uma série de esferas de som que vão<br />

“sujando” mais ainda a imagem. Som e imagem, portanto,<br />

viram um construto a partir de idéias de paisagem<br />

sonora e de esferas de som.<br />

referências<br />

BaSBaUM, Sérgio roclaw. Sinestesia, arte e tecnologia. São<br />

Paulo: annablume, 2002.<br />

JaNoTTi Jr., Jeder. O videoclipe como forma de experiência estética<br />

na comunicação contemporânea. Disponível em: acesso em: 26 de junho de 2003.<br />

capa sumário elivre autor

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