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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 129<br />

pectiva mais agressiva e com a eleição de um estilista<br />

como aporte conceitual da espetacularização da artista.<br />

Foi Jean-Paul gaultier o responsável pelo sutiã em formato<br />

de seios pontiagudos que Madonna usou na polêmica<br />

encenação de Like a Virgin, durante aquela turnê,<br />

onde a cantora simulava masturbação em cena, tendo<br />

sido alvo de polêmicas junto à igreja Católica. a escolha<br />

de um estilista como constituinte realizador dentro da esfera<br />

de consumo da música pop tem a função de gerar<br />

novas balizas conceituais acerca de determinado artista,<br />

sendo um importante epicentro de encenações de novas<br />

articulações destes conceitos. a agressividade da vestimenta<br />

criada por Jean-Paul gaultier para a turnê Blonde<br />

Ambition vai estar articulada à própria noção de “nova”<br />

identidade de Madonna: uma mulher que dita as regras<br />

nas relações afetivas e “manda” no seu parceiro, como<br />

no clipe da canção Express Yourself, onde, temos, numa<br />

“fábrica”, homens como trabalhadores em série que estão<br />

“a serviço” de Madonna. a mulher “que manda”, de imposições<br />

e vontades, além de ser distante e enigmática,<br />

ganhará reforço na caracterização do clipe Vogue, onde a<br />

cantora, a partir da referência a uma série de vestidos e<br />

cenas clássicas do cinema, reforça sua característica de<br />

“estrela distante”.<br />

a turnê The Girlie Show, onde as roupas de Madonna<br />

foram criadas pelos estilistas Dolce & gabanna,<br />

deu início a uma fase em que a cantora começou a mesclar<br />

referências dos gêneros feminino e masculino, como<br />

codificação de uma personalidade forte e impositiva, ao<br />

mesmo tempo que se desenha uma condição marcadamente<br />

auto-depreciativa como condição de supremacia.<br />

as roupas usadas por Madonna no The Girlie Show reforçavam<br />

uma concentração informacional nos seios da<br />

cantora (há uma série de tops), mesclando tal natureza<br />

de indumentária com roupas marcadamente masculinas<br />

(como a estetização da vestimenta do marinheiro<br />

no trecho de La Isla Bonita, a militarização da roupa em<br />

Holiday e o clima bermuda-jeans-e-camiseta-branca em<br />

Everybody). esta mesma mescla de gêneros masculinos<br />

e femininos parece se articular nos videoclipes de<br />

Madonna neste período. a ambigüidade sexual na vestimenta<br />

de Rain, a profunda concentração de atenção nos<br />

decotes em Secret (condizente com uma sexualização<br />

dos próprios guetos negros americanos – onde se passa<br />

o clipe) ou a referência a uma mulher trans-histórica<br />

em Frozen situam esta etapa da carreira de Madonna<br />

como mais amorfa no quesito das identidades feminina<br />

e masculina.<br />

Uma ênfase maior na construção de uma identidade<br />

masculina através da moda (tomando a identidade<br />

como uma codificação) vai se dar durante a turnê<br />

Drowned World. Madonna não evidencia mais partes<br />

do corpo outrora destacadas pelas suas roupas (seios,<br />

pernas) e, com indumentárias de referência pós-punk<br />

(Impressive Instant), ciber-quimonos (Sky Fits Heaven)<br />

ou de estetização do cowboy (Don’t Tell Me), a<br />

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