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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 87<br />

time” – igual à “paradinha no ar” de Matrix-, que o diretor<br />

inseriu num comercial da Smirnoff no ano de 1996. Logicamente,<br />

que todo mundo achou que gondry “copiou”<br />

tal cena de Matrix. estamos falando, portanto, não só do<br />

videoclipe “bebendo” na fonte do cinema, mas o cinema<br />

“sendo inspirado” pelo clipe.<br />

É óbvio que videoclipes ainda são vistos mais como<br />

spots publicitários do que como “pílulas cinematográficas”.<br />

No entanto, é bastante perceptível atualmente a dupla-via<br />

de influências: cinema como videoclipe, videoclipe como<br />

cinema. a obra de Michel gondry é uma espécie de retomada<br />

do estado de pureza original do cinema, se lembrarmos<br />

que essa arte é, em princípio, uma seqüência de ilusões<br />

para contar uma história. Nos vídeos para Let Forever Be<br />

(Chemical Brothers), Come into My World (Kylie Minogue)<br />

ou The Hardest Button to Button (White Stripes), gondry<br />

usa alta tecnologia com “cara” de trucagens primitivas, que<br />

remetem a técnicas como o uso de espelhos para emular<br />

imagens caleidoscópicas e seriais, ou stop-motion - recurso<br />

usado em animação de bonecos, aqui aplicada em pessoas<br />

-, entre outros. em comum, conceitos de histórias dentro<br />

de histórias. o francês faz parte da mesma turma de Spike<br />

Jonze e Charlie Kaufman (respectivamente diretor e roteirista<br />

de Quero Ser John Malkovich), mas ainda não achou<br />

seu “lugar ao sol” no cinema. após sua estréia, a comédia<br />

Human Nature, com Tim robbins, fez Eternal Sunshine of<br />

the Spotless Mind (O Eterno Brilho do Sol na Mente sem<br />

Mancha), com Jim Carrey e roteiro de Kaufman.<br />

a obra videoclíptica de Michel gondry está articulada<br />

a de outro diretor de clipes/filmes não só do ponto<br />

de vista situacional (ambos são profissionais do videoclipe<br />

que migraram para o cinema), mas também a partir<br />

de intersecções estéticas. Precisamos trazer à tona, além<br />

da obra de Michel gondry, a de outro diretor de clipes, o<br />

já citado Spike Jonze. Tanto gondry quanto Spike Jonze<br />

parecem criar uma estética nonsense para sua obra videoclíptica,<br />

gerando assim, um fator que dispensa a narrativa<br />

e leva o significado contido na diegese audiovisual<br />

para além do visualmente exposto. o estética nonsense<br />

(que poderia ser traduzida, grosseiramente, como “sem<br />

sentido”) conta com aparatos visuais que remetem a uma<br />

trama simbólica dos elementos encenados, quase sempre,<br />

pendendo para uma sensação extrema - de riso, de<br />

drama, de terror. No caso dos videoclipes tanto de gondry<br />

quanto de Spike Jonze, há uma premente atmosfera nonsense,<br />

levando o espectador a indagar o que está sendo<br />

mostrado no vídeo. Se em Human Behaviour (dirigido por<br />

gondry), somos apresentados a uma Björk transitando<br />

por uma floresta cheia de referências infantis e sendo perseguida<br />

por um urso de pelúcia gigante, em Da Funk (dirigido<br />

por Spike Jonze), um aparente boneco em forma de<br />

cachorro ganha vida nas ruas, pedindo esmola, pegando<br />

ônibus, comprando no camelô como se fosse um transeunte<br />

qualquer – mesmo sendo um cachorro!<br />

a completa dissociação entre a letra da música e<br />

aquilo que visualmente está sendo mostrado também pode<br />

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