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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 137<br />
de análise de um videoclipe, questionar:<br />
a) como se apresenta o artista que canta a canção do<br />
videoclipe. ele pode ser personagem, protagonista ou cantar<br />
e acabar “contando” uma história que tem outros personagens<br />
envolvidos. Cabe indagar como este artista se movimenta no<br />
clipe, a dança (e de que forma esta dança dialoga com a montagem<br />
ou com o contexto) e como se apresenta visualmente<br />
o artista (pode-se entender os processos de semiose do visual<br />
de um álbum fonográfico para um videoclipe). A ausência de<br />
um artista no vídeo também pode ser indicadora de uma postura<br />
mercadológica.<br />
b) como se delineia o espaço do cenário do videoclipe.<br />
aspectos como direção de arte, desenho de produção e decoração<br />
de set, figurino, maquiagem e direção de fotografia são<br />
fundamentais no entendimento de como a dinâmica do entorno<br />
influencia no conceito que envolve determinado artista e o<br />
clipe que se originará deste conceito. a direção de arte vai ser<br />
fundamental na percepção de até que ponto se cria uma configuração<br />
de unidade entre as concepções visuais de um álbum<br />
fonográfico e de um videoclipe ou onde podemos vislumbrar<br />
limites entre tais elementos. a direção de arte vai compor a<br />
identidade visual de um produto audiovisual, sendo resultado,<br />
portanto, de uma articulação entre técnica e conceito, princípio<br />
e fim. Para tratarmos da direção de arte, precisamos desconstruir<br />
a atividade analítica da imagem, como propôs roland<br />
Barthes com a imagética publicitária, em dois campos:<br />
os signos icônicos e os signos plásticos. os signos icônicos na<br />
direção de arte de um audiovisual são compostos por ambientes<br />
construídos/captados a partir de um significante real, pela<br />
edificação/escolha de locais onde se passarão as ações e como<br />
estes locais serão encenados. Num âmbito mais específico<br />
desta categoria de signo icônico da direção de arte, podemos<br />
perceber como o desenho de produção e a decoração de set<br />
imbricam princípios peculiares de diegese de um videoclipe. Já<br />
os signos plásticos evocados por Barthes visam categorizar e<br />
desconstruir os elementos de ordem de efeito de pós-produção<br />
no videoclipe. Texturas, interferências gráficas, digitais, enfim,<br />
um manancial de efeitos que, aos olhos do analista, compõem<br />
um contexto significativo do clipe. O figurino e a maquiagem<br />
também se configuram em peças importantes na percepção<br />
da natureza de criação artística e estética que compõe o vídeo.<br />
Destacamos o fato de que tanto o figurino quanto a maquiagem<br />
do artista que canta a canção têm uma importância<br />
fundamental na percepção dos processos de semiose entre o<br />
conceito de um álbum fonográfico e o videoclipe. A direção<br />
de fotografia diz respeito ao constituinte de planejamento de<br />
luz que vai “agir” sobre o cenário, criando atmosferas mais ou<br />
menos sombrias, de acordo com o que se propõe como roteiro<br />
ou concepção sinestésica do videoclipe. Como já apontamos<br />
anteriormente, precisamos destacar que, na atividade analítica<br />
de um videoclipe, é mais apropriado falarmos em “efeitos”<br />
de sentido que determinados constituintes técnicos podem<br />
abarcar que, propriamente, nomear tal artefato técnico<br />
- exceto quando se tem acesso a tal informação. Lembramos<br />
que, oficialmente, não se fala sobre roteirização de videoclipe,<br />
mas, entendemos que esboços narrativos presentes em clipes<br />
são, em alguns casos, frutos de roteiros informais, às vezes,<br />
rascunhos de personagens ou situações – daí a semelhança<br />
que se pode perceber entre certos videoclipes marcadamente<br />
narrativos e curtas-metragens cinematográficos.<br />
c) como se ancora o tempo no videoclipe. a articulação<br />
do tempo no clipe é também parte integrante de um cenário<br />
de enunciação deste audiovisual. o tempo pode vir expresso<br />
tanto no tempo da ação que se desenvolve no videoclipe (daí,<br />
poderíamos falar de uma velocidade ou lentidão da narrativa)<br />
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