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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 59<br />

apontamento para uma nova sensibilidade na assimilação<br />

dos textos culturais. Neste sentido, as “novas sensibilidades”<br />

apontadas por hutcheon funcionam como uma forma<br />

de entender que os objetos artísticos criados ou regidos<br />

pela dinâmica da contemporaneidade tendem a ser “acelerados”,<br />

fragmentados, dispersos e descentralizados tanto<br />

pela influência do capital de giro quanto pelo consumo<br />

capitalista. estamos, portanto, apontando caminhos que<br />

nos conduzem a perceber que os bens culturais (artes<br />

plásticas, teatro, cinema, literatura) devem não somente<br />

se inserir na lógica cultural do capitalismo tardio, para<br />

utilizarmos o termo criado por Fredric Jameson, temendo<br />

serem “soterrados” pela própria dispersão gerada na sociedade<br />

contemporânea, mas acabam sendo reflexo (incorporando,<br />

ridicularizando, rompendo) com uma espécie<br />

de subjetividade capitalista.<br />

Produtos regidos por esta subjetividade capitalista<br />

encontram um “ir adiante”, um “além” do expresso no<br />

próprio produto, como coadunante com uma poética do<br />

capitalismo – articulando clichês, simulacros, estética<br />

publicitária e desterritorialização como uma forma de fomento<br />

artístico ou comercial. esta nossa observação<br />

faz parte de uma percepção de um quadro em que os meios<br />

de comunicação de massa se apresentam cada vez mais presentes<br />

no cotidiano não podendo mais serem pensados na esfera<br />

da reificação e da manipulação, o que não implica numa<br />

despolitização, mas ter um olhar a partir da compreensão de<br />

que as experiências dos sujeitos contemporâneos são indissociáveis<br />

da cultura visual midiática, razão pela qual podemos<br />

falar em narrativas que se confrontam e dialogam. (LoPeS,<br />

2003, p. 40)<br />

Percebemos que a articulação entre o videoclipe e a<br />

MTV faz parte de uma dinâmica que prevê que a linguagem<br />

está ligada aos modos de produção e aos efeitos de<br />

sentido dos meios de comunicação de massa. a estética<br />

do videoclipe é, portanto, um meio para a percepção de<br />

que estamos diante de um quadro sustentado por uma<br />

subjetividade capitalista. Voltamos a Bakhtin para percebermos,<br />

no esteio da teoria marxista, de que processos<br />

culturais são intimamente ligados a relações sociais, onde<br />

a cultura imbrica as contradições da sociedade. Compreender<br />

a concepção bakhtiniana de linguagem constitui um<br />

veículo para entender redes mais complexas de signos<br />

ideológicos, podendo perceber que, mais do que reflexo<br />

da sociedade, os meios de comunicação de massa originam<br />

novas subjetividades sociais.<br />

É através deste princípio de existência de uma subjetividade<br />

social que apontamos novos aspectos da obra de<br />

Mikhail Bakhtin como fundamentais para o diálogo com os<br />

meios de comunicação de massa, e mais especificamente,<br />

com o videoclipe. Um dos termos criados pelo pensador<br />

russo é o de “polifonia” que, desde já, apresenta-se interessante<br />

de ser compartilhado com o audiovisual a partir<br />

da idéia de que o polifônico é o de “vários sons”. Termo<br />

derivado da música, o polifônico, para Bakhtin, formula<br />

uma referência à complexa interação de vozes na obra<br />

de Dostoiévski e chama a atenção para a coexistência,<br />

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