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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 43<br />

tora e a cena seguinte estar “acontecendo” no fundo dos<br />

olhos da personagem – dando uma nítida noção de que<br />

foram utilizados efeitos especiais). o problemático no tocante<br />

à edição do videoclipe é o fato de que dois conceitos<br />

coabitam o audiovisual: tem-se, por exemplo, consciência<br />

de que se está diante de algo produzido através de efeitos<br />

especiais, mas, ainda assim, fica evidenciado o princípio<br />

do plano-seqüência ou do zoom (ou de inúmeros outros<br />

conceitos de mobilidade de plano) no clipe. Prova de que<br />

o videoclipe é uma mídia audiovisual “escorregadia” em<br />

seus conceitos.<br />

retomando o princípio deste capítulo, iremos vislumbrar<br />

relações existentes entre a música e a concepção<br />

do videoclipe a partir não do conceito apenas de narrativa<br />

audiovisual, mas tentando abarcar idéias que visam<br />

ampliar ainda mais as relações existentes entre música e<br />

imagem. Para Jeder Janotti Jr,<br />

o videoclipe carrega consigo as possibilidades da fruição musical<br />

e da imagem não como representação, mas como uma<br />

associação de sensações caleidoscópicas. a imagem assume o<br />

status de impura (ou suja) se comparada à pureza (ou limpeza)<br />

da sonoridade fora do imbricamento imagético. (JaNoTTi<br />

Jr., 1995, p. 1)<br />

o que Jeder Janotti Jr conceitua diz respeito ao fato<br />

de que nem sempre, no videoclipe, as imagens dialogantes<br />

com a música trazem uma “representação” daquilo que<br />

é “dito” na canção. Tanto Janotti quanto arlindo Machado<br />

apontam conceitos que levam o videoclipe para o terre-<br />

no da sinestesia, ou seja, da sonoridade que evoca uma<br />

determinada referência cromática ou conjunto de formas<br />

abstratas correlatas. Do grego, a palavra sinestesia (sin +<br />

aisthesis) quer dizer reunião de múltiplas sensações (ao<br />

invés, por exemplo, de anestesia, ou “nenhuma sensação”).<br />

Quando tratamos de sinestesia no terreno do audiovisual<br />

podemos chamar atenção para outros conceitos<br />

que podem ajudar na percepção do videoclipe de forma<br />

mais sistemática. o primeiro é o de paisagem sonora e o<br />

segundo, de esferas de som.<br />

A paisagem sonora configura-se num constituinte<br />

sinestésico: é música coisificada em imagem, gerando um<br />

efeito virtual de ouvir algo e “estar” na música. ou, “estar”<br />

no som. o conceito de paisagem sonora, por exemplo,<br />

ajuda a perceber como se constroem as diegeses de<br />

alguns videoclipes. o ar soturno presente em clipes do<br />

grupo inglês Portishead diz respeito a uma construção de<br />

paisagem sonora que tem início na própria audição da<br />

canção e passa pela idealização/construção do videoclipe<br />

dentro de determinados parâmetros sonoros. ao mesmo<br />

tempo que os acordes da axé music apresentam uma<br />

confluência de paisagem sonora eufórica, clara, diurna. O<br />

conceito de paisagem sonora vai situar o videoclipe dentro<br />

de uma ótica naturalmente imbricada com a própria<br />

origem da canção. Esta paisagem sonora será coisificada,<br />

“implantada”, construída a partir das noções de roteirização,<br />

direção de arte, direção de fotografia, planejamento<br />

de planos e edição.<br />

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