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Videoclipe: o elogio da desarmonia - Thiago soares 119<br />
são veículos “aceleradores” do olhar superficial). Estariam<br />
as imagens familiares inseridas numa busca pela “ordem<br />
do pessoal, da subjetividade, sem lugar no universo do<br />
arquétipo e da simulação” (BriSSaC, 2002, p. 364)? Em<br />
outras palavras, o autor fala da busca por uma estética<br />
“da inocência” desacelerando o processo cognitivo. o uso<br />
das imagens videográficas pessoais em videoclipes está<br />
articulada à dicotomia metafórica que apresentamos no<br />
início desta explanação: se o silêncio está articulado às<br />
imagens familiares, o barulho, logo, na nossa construção<br />
metafórica, seria coisificado nas imagens midiáticas, sendo<br />
preciso, portanto, saber quando silenciar o “barulho”<br />
das imagens contemporãneas. a reprodutibilidade cada<br />
vez mais evidente e aperfeiçoada de paradigmas de construção<br />
de imagens na publicidade altera, como já constatado<br />
por Nelson Brissac Peixoto, as suas condições de<br />
interpretação. Como acredita Miriam Moreira Leite:<br />
o valor de culto das imagens dá lugar ao valor de exibição. e a<br />
multiplicação das imagens feita a ponto de anular a percepção<br />
de seu observador conduz ao problema da saciedade da percepção.<br />
em imagens publicitárias (...) recobre-se de insólito a<br />
imagem ou então exarcebam-se a tal ponto as características<br />
positivas da imagem que elas rompem a saciedade para o já<br />
visto e criam uma nova configuração espacial do que já nem<br />
era mais observado. (LeiTe, 2000, p. 24-25)<br />
Cabe, talvez, ao papel da imagem pessoal/familiar,<br />
apresentar-se como um elemento silenciador dentro do<br />
barulho da imagética midiática contemporânea. No vi-<br />
deoclipe, as imagens videográficas afetivizam a diegese<br />
narrativa sendo capaz de servir de “freio” e de forma de<br />
desautomatização do espectador.<br />
referências<br />
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