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Foi essa proximidade com as estações ferroviárias e rodoviárias que atraiu o<br />
cinema. Primeiro as distribuidoras de filmes, tanto as de produções estrangeiras<br />
como brasileiras. Economicamente, tal proximidade representava um ganho,<br />
mais agilidade. Isso porque bastava ter um indivíduo com um carrinho de<br />
mão para levar ou buscar uma cópia de filme (...) nos pontos de partidas<br />
e chegadas 44 .<br />
A Boca, além de concentrar produtoras e distribuidoras, tornou-se uma<br />
espécie de ponto de encontro das pessoas do meio cinematográfico paulistano.<br />
Seus filmes foram marcados por algumas características recorrentes,<br />
dentre elas uma notável propensão ao apelo erótico, ainda que isso não<br />
fosse uma exclusividade das suas fitas. Buscava-se, dessa forma, uma popularidade<br />
necessária para que estas se mantivessem em cartaz. E conseguiam,<br />
exibindo, como vieram ao mundo, musas como Vera Fischer, Helena Ramos,<br />
Carla Camurati, Norma Bengell, Lílian Lemmertz, Christiane Torloni, Sandra<br />
Bréa, Tania Alves, Xuxa Meneghel e muitas outras. No entanto, não havia sexo<br />
explícito no início, o que só foi ocorrer a partir de 1981, com o lançamento de<br />
Coisas Eróticas, de Rafaelle Rossi. Para muitos, foi essa abertura que propiciou<br />
o declínio da Boca, no final dos anos 1980. Como explica o célebre cineasta<br />
Carlos Reichenbach, em entrevista para o livro de Sternheim, a desgraça<br />
da Boca do Lixo não é oriunda de um veio moralista, mas da forma injusta<br />
como surgiram os chamados mandados de segurança, um autêntico mercado<br />
paralelo que perverteu todo o jogo de distribuição e exibição de filmes 45 .<br />
O cinema da Boca era produzido num esquema que contava com orçamentos<br />
baixíssimos e produções, por isso mesmo, praticamente caseiras. Mas,<br />
ao contrário, isso não impediu que seus títulos obtivessem grande sucesso de<br />
bilheteria em todo o País. Possuíram, além do mais, o mérito de trazer à tona<br />
nomes da importância de Guilherme de Almeida Prado, João Batista de<br />
Andrade, Carlos Reichenbach e Ozualdo Candeias.<br />
Cida trabalhou com alguns desses cineastas. Em sua filmografia constam,<br />
por exemplo, a trilogia dos diretores José Antônio Garcia e Ícaro Martins,<br />
estrelada também por Carla Camurati; o primeiro longa-metragem de Guilherme<br />
de Almeida Prado; e, embora já fora do esquema da Boca do Lixo, o filme<br />
O Tronco de João Batista de Andrade, lançado no ano de 1998.<br />
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