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O ano seguinte já se iniciou com novidades. Cida abriu 2006 com um show,<br />
no Rio de Janeiro, ao lado do pianista americano Cliff Kormann. O músico<br />
estava divulgando os espetáculos de lançamento do seu novo disco, do qual<br />
Cida participou declamando o poema Pobre Cega registrado na faixa nove,<br />
intitulada Ciranda, na qual ela diz: Pobre cega, por que chora ela assim / /<br />
tanto estes seus olhos? / / Não, meus olhos não choram... são as lágrimas<br />
que choram, com saudades dos meus olhos. O disco se chama Migrations –<br />
Cliff Korman and the Brazilian Tinge e conta também com a participação de<br />
Henrique Cazes no cavaquinho. Um destaque particular deve ser dado para a<br />
faixa quatro, Dance, em que o vigoroso arranjo de O Corta Jaca de Chiquinha<br />
Gonzaga traz uma emoção especialmente brasileira, mesmo executado por<br />
um excepcional pianista americano.<br />
Outras atividades marcaram 2006. Além das viagens que fez cantando<br />
Chico Buarque, Cida apresentou-se em São João da Boa Vista, na Semana<br />
Guiomar Novaes, participou do projeto Piano na Praça e continuou fazendo<br />
o espetáculo de modinhas pelas unidades do Sesc de São Paulo. Foi ainda<br />
convidada para dirigir um musical chamado A Era do Rádio, que estreou em<br />
Poços de Caldas, no mês de junho. No espetáculo, havia cantores eruditos<br />
ligados ao Festival de Verão de Música Erudita. Em novembro e dezembro,<br />
foi curadora do projeto O Arsênico do Teatro, fazendo, em Santo André,<br />
quatro cabarés diferentes. O primeiro, de Brecht e Weill; em seguida, Canções<br />
Malditas Brasileiras; na sequência, Tom Waits; e por fim, Canções Brejeiras<br />
de Cabaret Brasileiro.<br />
Foi no terceiro deles, o cabaré de Tom Waits, que Cida testou uma parceria<br />
com o ator e músico André Frateschi, com quem passou a dividir, pouco tempo<br />
depois, os palcos de Canções para Cortar os Pulsos, resgatando com modificações<br />
o espetáculo estreado em Buenos Aires, e consagrando André como<br />
uma parceria ideal em cena.<br />
Duas cartas que Cida recebeu de um casal de jovens numa de suas temporadas<br />
de Tom Waits em Porto Alegre, ainda em 2004, eram lidas em cena<br />
pelos dois artistas na nova <strong>versão</strong> do cabaré. Sem dinheiro para entrar no<br />
teatro, o casal fez chegar às mãos da cantora um duro depoimento que não<br />
apenas rendeu aos dois, passe livre por toda a temporada, como um lugar<br />
especial no coração e na memória da artista que lamenta não tê-los mais<br />
encontrado, após uma grande busca em suas viagens ao Sul do País. Segundo<br />
ela, os textos marcaram sua vida por sintetizar elementos de compreensão<br />
do que há em sua alma. Impossível omiti-los, ainda que em trechos:<br />
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