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A música nos últimos anos da década de 1950 renascia de modo a abrir espaço<br />

para a diversidade de gêneros, após ter sido marcada pelo fim da grande<br />

onda de big bands brasileiras, inspiradas, em sua maioria, pelo estilo de<br />

Glenn Miller e por um repertório de sambas-canções dolentes e melodiosos,<br />

na linha do ninguém me ama, ninguém me quer, chamados também sambas<br />

de fossa, que tinham, em Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Antônio Maria<br />

e Nora Ney, alguns de seus principais expoentes.<br />

O rádio foi fundamental na carreira de Cida Moreira, sobretudo no início de<br />

sua formação artística. Foi por ele que, ainda menina, entrou em contato<br />

com nomes consagrados do cancioneiro popular como Carmen Miranda,<br />

as irmãs Batista e Ângela Maria. Toda uma geração de artistas, em sua<br />

maioria mulheres, que exerceu forte influência sobre nomes não menos<br />

notáveis como Gal Costa, Maria Bethânia e Elis Regina. Com Cida, não foi<br />

diferente: Gostava de estar em casa ouvindo rádio, música, novelas à<br />

noite com minha mãe, enquanto eu fazia tricô e a ajudava a corrigir provas<br />

e lições de seus alunos, pois era professora. Liberdade total e contato<br />

absoluto com tudo de mais natural e saudável. Ao contrário da vida que<br />

hoje todos levamos.<br />

Novos acontecimentos apontavam para essa mudança de rumos na estética<br />

musical do país, acompanhados pelo notável amadurecimento da indústria<br />

fonográfica que se profissionalizava a olhos vistos. A Bossa Nova começava<br />

a dar seus primeiros passos, numa geração de cantores considerados<br />

precursores do estilo, como Dick Farney, Lúcio Alves, Dóris Monteiro,<br />

Silvia Telles, Johnny Alf, Luís Bonfá, João Donato, Tito Madi, Dolores Duran<br />

e Billy Blanco.<br />

O ano de 1958 foi o marco do movimento que consagrou João Gilberto para<br />

além do território nacional, como pai da revolucionária batida que mais do que<br />

depressa foi associada aos ideais desenvolvimentistas de Juscelino<br />

Kubitschek. O presidente mineiro – que prometia cinquenta anos de desenvolvimento<br />

em cinco e começava a construir Brasília, a abrir estradas de<br />

rodagem e a implantar parques industriais pesados 1 – passou a personificar<br />

o estilo, símbolo de um Brasil que dava certo, representado pelas vozes e<br />

harmonias de artistas da nova geração como Tom Jobim, Nara Leão, Vinícius<br />

de Moraes, Newton Mendonça, Aloysio Oliveira e Carlinhos Lyra. Como<br />

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