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me chamou a atenção o seu horizonte estético, seu alto-astral e um jeito<br />
totalmente diferente de cantar esse repertório mais intimista, confessou<br />
Camilo Carrara. Sobre o espetáculo de modinhas imperiais, ele explicou<br />
ainda: Foi concebido por ela para ser uma espécie de show-concerto. É um<br />
trabalho delicado que prioriza a essência das canções e as soluções musicais<br />
tendem à simplicidade. É uma opção estética que visa à utilização de elementos<br />
mínimos e pouco rebuscamento na interpretação, nos arranjos e na instrumentação.<br />
Muito interessante também como o show cativa o público.<br />
Data dos séculos XVIII e XIX a difusão do gênero modinha, um dos mais<br />
populares da época, ao lado do lundu e do maxixe. A modinha foi o primeiro<br />
gênero popular brasileiro a ser divulgado com sucesso fora do País, há 250<br />
anos. [O poeta e violeiro carioca] Caldas Barbosa, para desespero dos eruditos<br />
poetas portugueses (Bocage, Nicolau, Tolentino, Filinto Elísio e outros),<br />
era uma verdadeira coqueluche nos saraus da corte, com suas modinhas e<br />
lundus. Depois dele, praticamente todos os poetas românticos do Brasil<br />
tiveram seus versos musicados. [...] Chico Buarque, Vinicius de Moraes,<br />
Juca Chaves, Baden Powell e muitos outros compositores de nossos dias<br />
fizeram modinhas 77 .<br />
Em espetáculos futuros de Cida, a exemplo do show encomendado pelo Centro<br />
Cultural Banco do Brasil para a série Modinhas e Chorinhos, em 2008, outras<br />
canções do mesmo universo passaram a integrar o repertório da cantora como<br />
as lendárias Azulão e Modinha, de Jayme Ovalle, ambas em parceria com<br />
o poeta Manuel Bandeira. Duas décadas depois, em seguida à morte do<br />
amigo [Jayme Ovalle], Manuel Bandeira faria sua avaliação definitiva da obra<br />
musical ovalliana. Nela destacou, como ponto mais alto, Azulão, capaz de<br />
garantir a imortalidade ao compositor. Também Modinha, que, mesmo não<br />
tendo o sabor total brasileiro de Azulão, teria o mérito de transpor à música<br />
erudita o espírito da seresta carioca 78 .<br />
Em seu depoimento, o músico Camilo Carrara também chamou atenção<br />
para questões pertinentes à personalidade artística de Cida, como sua originalidade:<br />
Não há ninguém minimamente parecido com ela e é bom dizer<br />
que uma característica como essa não nasce arbitrariamente. Ela é muito<br />
culta, muito inteligente e antenada. Tem um pensamento independente<br />
e crítico, e tudo isso somado ao seu lado teatral e irreverente. Ela no palco<br />
está sempre muito aberta e atenta para o inesperado, o que é muito valioso.<br />
É interessante o jeito como ela reage de improviso às novas situações, trocas<br />
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