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O resultado, em 2008, seria o disco homônimo ao nome de batismo do<br />
sambista mangueirense, grafado com n por erro do escrivão no momento<br />
do registro. Assim, Agenor transformou-se em Angenor de Oliveira, um dos<br />
maiores artistas do nosso cancioneiro. Foi com o registro em áudio do próprio<br />
Cartola justificando com bom humor o erro da grafia de seu nome, que Cida<br />
abriu o novo show.<br />
A temporada do Tom Waits acabou no dia 10 de junho de 2007. Dia 11 eu<br />
estava no estúdio do Omar para escolher quais canções nós trabalharíamos,<br />
independentemente do que seria efetivamente gravado. Até o final de julho,<br />
ficamos ouvindo, tocando, gravando, experimentando mesmo, até começarmos<br />
a gravar de verdade, em agosto. Eu ouvi tudo do Cartola. Chegou<br />
uma hora que eu não aguentava mais, brincou Cida. Ela reverencia a obra do<br />
sambista, enaltecendo sua nobreza e genialidade poética e musical: Era um<br />
homem semiletrado, como podia fazer essas maravilhas?<br />
Sobre as discussões que direcionaram o processo de concepção do disco,<br />
Omar complementou: Cartola já tinha tantos intérpretes que eu e a Cida<br />
resolvemos não ouvir ninguém. Só o próprio Cartola. A criação dos arranjos<br />
foi a mais simples possível, pois eu temia que virasse Jazz, Bossa Nova<br />
ou qualquer coisa parecida. E eu não vejo a música dele dessa forma. Para<br />
mim, o resultado foi maravilhoso. A suavidade da voz e dos instrumentos.<br />
Enfim, o clima geral do trabalho é uma celebração de um dos gênios da<br />
música brasileira.<br />
Após uma nova viagem a Buenos Aires e outro Projeto Pixinguinha, permeados<br />
sempre por muito Tom Waits, Angenor ficou finalmente pronto: Meu critério<br />
de seleção de repertório é sempre muito simples. Gravo aquilo o que me<br />
agrada artisticamente, que fica melhor na minha voz. E que é pouco óbvio<br />
porque senão não tem sentido. Claro, a dúvida é sempre grande. Ouvimos<br />
tudo do Cartola, cheguei a 43 canções dele, e eu gravaria todas elas, sendo<br />
que tivemos de escolher apenas 16. Nunca vou saber se fiz a opção certa.<br />
Se teria sido melhor gravar outras 16 e não essas. A única decisão que serviu<br />
como critério na opção das músicas foi a de que o repertório seria metade<br />
composto por canções mais conhecidas do sambista, e a outra metade por<br />
pérolas menos evidentes, caso da toada Feriado na Roça. Dentre as mais<br />
conhecidas, estão O Mundo é um Moinho e Alvorada.<br />
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