versão pdf - Livraria Imprensa Oficial
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musicais de momento, problemas técnicos, etc. Vale ressaltar também o<br />
fato de ela ser uma cantora que toca muito bem o piano. Isso acrescenta<br />
muito artisticamente, pois garante uma intuição harmônica privilegiada e lhe<br />
dá autonomia para se acompanhar. O fato de ter muita experiência como<br />
professora de canto também ajuda a entender a sua versatilidade artística<br />
e o seu horizonte estético, pois ela está sempre em contato próximo com<br />
questões técnicas e de repertório vindas de alunos de gerações distintas e<br />
gostos variados.<br />
Numa de nossas conversas para este livro, Cida Moreira lembrou-se repentinamente<br />
de citar uma importante viagem sua, segundo ela, mítica, feita a<br />
La Paz, capital da Bolívia, ainda em 2004, num dos intervalos de Modinhas.<br />
A cantora encerrou o Festival Internacional de Teatro da cidade (Fitaz) que<br />
acontece a cada quatro anos, com seu cabaré brechtiano Aos que Estão<br />
por Vir. A viagem aconteceu antes dos shows em tributo a Gonzaguinha e<br />
representou outro divisor de águas para sua vida. Como ela justificou,<br />
foi um momento de descoberta dos pontos que seriam cruciais para uma<br />
guinada radical.<br />
Estar naquele lugar me fez compreender o que estava acontecendo comigo<br />
naquele momento. Foi lá que eu entendi a morte do Juarez; foi lá que eu tive<br />
coragem de me separar do Gil; que eu entendi que estava refém de muitas<br />
coisas tanto pessoal, quanto profissionalmente, e foi nessa viagem que eu<br />
percebi que precisava me libertar, abrir mão de tudo o que tornava minha<br />
vida, na realidade, pouco criativa, avaliou. Quando questionada se essa consciência<br />
teria sido desencadeada por algum fato específico durante a viagem,<br />
Cida respondeu que não: Foi apenas estar lá, o motivo de tudo.<br />
E a partir daí, encaminhou sua carreira de outra forma, dividindo o ano<br />
de 2005 em dois repertórios basicamente. Além das modinhas, que ela continuou<br />
apresentando frequentemente, retomou as canções de Chico Buarque<br />
após ter sido convidada para conceber o show de abertura da exposição em<br />
homenagem aos 60 anos do compositor carioca, inaugurada no Sesc Pinheiros<br />
em janeiro. Isso trouxe a oportunidade de voltar ao repertório do CD, além<br />
de abrir espaço para ela interpretar algumas canções que não tinha gravado,<br />
caso de Januária. Viajou o país com os dois repertórios, tendo participado,<br />
no segundo semestre, de outro Projeto Pixinguinha. Dessa vez, com Henrique<br />
Cazes e seu quarteto, cantando Chico. O espetáculo foi apresentado em<br />
14 capitais.<br />
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