14.06.2013 Views

versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

versão pdf - Livraria Imprensa Oficial

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Por ser um veículo “quente”, ao contrário da televisão, em que o espectador<br />

assume uma posição mais passiva diante do material editado, o rádio viabilizava,<br />

nas palavras de Julio Medaglia, uma espécie de rastreamento cultural<br />

pelo país, lançando o que houvesse de melhor em termos musicais e mobilizando<br />

efetivamente seus ouvintes. Grandes artistas viajavam pelo interior<br />

apresentando-se, o que era sempre um grande acontecimento nas cidades<br />

que paravam para receber nomes como Orlando Silva ou Luiz Gonzaga.<br />

Foi assim que Cida, ainda pequena, viu Ângela Maria pela primeira vez no<br />

auditório da Rádio Marconi. O mesmo no qual ganharia o concurso de<br />

calouros que lhe rendeu espaço num programa infantil, aos domingos<br />

de manhã, como ela mesma conta.<br />

Na rádio, havia um regional que nos acompanhava. Lembro do seu Antenor<br />

que era um acordeonista maravilhoso. Ele morreu há pouco tempo, já bem<br />

velhinho. Eu cantava num vestido de laise amarela enviesado de azul, com<br />

fita também azul no cabelo e sandália branca. O microfone era daqueles<br />

enormes e o seu Antenor ficava atrás de mim tocando sanfona, lembrou<br />

Cida carinhosamente.<br />

O professor Osório Lemaire de Morais foi gerente da Rádio Marconi e lecionou<br />

no mesmo colégio que a mãe de Cida. Ele citou também alguns amigos<br />

do regional: Além do Antenor Martins de Oliveira, tínhamos o Brasilíseo<br />

de Castro (Baduzinho) no violão, que foi meu aluno, e o Salomão, que era<br />

pandeirista.<br />

A primeira música que Cida cantou na rádio foi Serra da Boa Esperança (1937),<br />

de Lamartine Babo (1904-1963), composta também no mesmo ano da morte<br />

de G. Marconi. O samba-canção foi inspirado em uma garota mineira chamada<br />

Nair, com quem o compositor e radialista se correspondia platonicamente.<br />

Quando, tempos depois, Lalá – como Babo era carinhosamente chamado<br />

entre amigos – decidiu ir a Dores de Boa Esperança, cidade da menina, para<br />

conhecê-la finalmente, descobriu, para seu espanto e decepção, a verdadeira<br />

autoria das cartas. Seu admirador na realidade era um homem, tio de Nair,<br />

o dentista Carlos Alves Neto 6 .<br />

Eu cantava de tudo. Foi então que, no meu aniversário de seis anos, ganhei<br />

este piano do meu pai, contou Cida apontando para o M. Schwartzmann na<br />

sala de sua casa. Sobre ele, alguns porta-retratos com fotos suas e de sua<br />

filha figuram sobre a toalha de renda branca recaída, vinda da Ilha da Madeira:<br />

lembrança da mãe.<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!