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Manual dos Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

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17. Vacina contra haemophilus influenzae do tipo B<br />

17.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

Haemophilus influenzae é importante agente <strong>de</strong> infecções graves em lactentes e crianças<br />

com menos <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Embora cepas não-tipáveis (não-encapsuladas) colonizem<br />

freqüentemente as vias respiratórias e sejam causa freqüente <strong>de</strong> otite média, sinusite e infecção das<br />

mucosas respiratórias, são as cepas encapsuladas <strong>de</strong> Haemophilus influenzae - particularmente<br />

as do sorotipo b (Hib) - as responsáveis pela quase totalida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> doença invasiva por<br />

essa bactéria.<br />

Calcula-se que mais <strong>de</strong> 95% das cepas <strong>de</strong> Haemophilus influenzae, isoladas <strong>de</strong> pacientes<br />

com doença invasiva (particularmente meningite, mas também sepse, pneumonia, epiglotite, celulite,<br />

artrite séptica, osteomielite e pericardite), pertencem ao sorotipo b.<br />

Estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> aspira<strong>dos</strong> pulmonares <strong>de</strong> crianças com pneumonia mostram, consistentemente,<br />

que nos países em <strong>de</strong>senvolvimento e em populações pobres, a etiologia bacteriana ocorre em<br />

percentual elevado, sendo o Hib o segundo microorganismo em importância, após o pneumococo.<br />

Isso contrasta com o encontrado em populações com boas condições <strong>de</strong> vida, nas quais predomina<br />

a etiologia viral nas pneumonias em crianças, sendo menos freqüentes as complicações bacterianas.<br />

As doenças invasivas por Hib são mais comuns após os três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, quando<br />

diminuem os anticorpos maternos, e a gran<strong>de</strong> maioria <strong>dos</strong> casos ocorre em crianças com menos<br />

<strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com maior concentração nos dois primeiros anos <strong>de</strong> vida.<br />

Aglomerações em lugares fecha<strong>dos</strong> e freqüência a creches e instituições afins favorecem<br />

as infecções por Hib. Outros fatores <strong>de</strong> risco são: imuno<strong>de</strong>ficiências, hemoglobinopatias e fatores<br />

genéticos.<br />

Quanto piores as condições sociais mais precoces costumam ser os casos, concentran<strong>dos</strong>e<br />

no primeiro ano <strong>de</strong> vida. A epiglotite é mais freqüente entre dois e quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e sua<br />

incidência é variável, <strong>de</strong> país a país.<br />

O Hib é uma das três causas principais <strong>de</strong> meningite bacteriana em crianças, sendo, no<br />

Brasil, a causa mais freqüente <strong>de</strong> meningite bacteriana no primeiro ano <strong>de</strong> vida. A letalida<strong>de</strong> tem<br />

sido elevada, em torno <strong>de</strong> 20%. Seqüelas graves ocorrem em 3 a 5% <strong>dos</strong> sobreviventes. Déficit<br />

auditivo é encontrado com freqüência muito maior. Quanto menor for a ida<strong>de</strong> da criança com<br />

meningite por Hib, maior o risco.<br />

Deve-se ainda levar em conta que a incidência real da meningite por Hib é certamente<br />

maior, tendo em vista as dificulda<strong>de</strong>s diagnósticas e a precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos laboratoriais <strong>de</strong><br />

muitos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Basta dizer que, <strong>de</strong> 1987 a 1996, no Brasil, as meningites sem<br />

especificação <strong>de</strong> etiologia correspon<strong>de</strong>ram a 1/3 do total.<br />

Outro dado preocupante é o aparecimento <strong>de</strong> cepas <strong>de</strong> Hib resistentes aos antimicrobianos.<br />

Até 1972, virtualmente, to<strong>dos</strong> os Hib eram sensíveis à ampicilina e esse era o antimicrobiano <strong>de</strong><br />

escolha para o tratamento inicial. Nesse ano, cepas produtoras <strong>de</strong> betalactamase e resistentes à<br />

ampicilina foram i<strong>de</strong>ntificadas pela primeira vez, na Europa.<br />

Nos anos seguintes, o achado <strong>de</strong> cepas produtoras <strong>de</strong> betalactamase foi cada vez mais<br />

freqüente, em muitos países. Embora no Brasil os índices <strong>de</strong> resistência ainda não sejam tão altos<br />

quanto em outras partes do mundo, a tendência é para que esse problema se agrave, dificultando<br />

e encarecendo o tratamento.<br />

FUNASA - abril/2001 - pág. 85

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