31.07.2013 Views

Manual dos Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

Manual dos Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

Manual dos Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

18.1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

18. Vacina tríplice acelular<br />

A coqueluche, antes do advento da vacina, era uma das principais causas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong><br />

infantil. No Brasil, até o início da década <strong>de</strong> 80, a vacina tríplice (DTP), contra difteria, tétano e a<br />

coqueluche (pertussis), <strong>de</strong> fabricação nacional, conferia precária proteção contra coqueluche.<br />

A partir <strong>de</strong>ssa época, o Brasil passou a importar DTP <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. Esse fato, aliado<br />

a melhores coberturas vacinais, <strong>de</strong>terminou acentuada diminuição da morbida<strong>de</strong> e da mortalida<strong>de</strong><br />

por coqueluche. A taxa <strong>de</strong> incidência/100.000 habitantes menores <strong>de</strong> um ano caiu <strong>de</strong> 44,4 (1982)<br />

para 0,83 (1996) e 0,35 (1997). Em 1982, houve 391 óbitos por coqueluche, 279 em menores<br />

<strong>de</strong> um ano; em 1996, apenas 18, to<strong>dos</strong> em menores <strong>de</strong> um ano.<br />

Aspecto <strong>de</strong>sfavorável relacionado com a importação <strong>de</strong> vacinas foi o aumento <strong>de</strong> nossa<br />

<strong>de</strong>pendência tecnológica, com suas conseqüências negativas. Criou-se, então, o Programa <strong>de</strong><br />

Auto-Suficiência em <strong>Imunobiológicos</strong>, do Ministério da Saú<strong>de</strong>, cujo maior investimento financeiro<br />

foi para a produção nacional <strong>de</strong> vacina DTP, o que atualmente já é uma realida<strong>de</strong>.<br />

Na vacina DTP, o componente pertussis é o principal responsável por reações in<strong>de</strong>sejáveis,<br />

tais como febre e outras potencialmente mais graves: convulsões e até mesmo encefalopatia.<br />

Isso levou a que o uso <strong>de</strong>ssa vacina fosse questionado em muitos países. Notícias referentes às<br />

reações adversas chegaram à imprensa leiga, induzindo temor à vacinação. Nos países em que a<br />

cobertura vacinal diminuiu, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse temor, o resultado foi <strong>de</strong>sastroso: houve diversas<br />

epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> coqueluche, doença grave em crianças pequenas, levando a aumento <strong>de</strong><br />

hospitalizações e <strong>de</strong> óbitos. Serve <strong>de</strong> exemplo o que se verificou no Reino Unido (Inglaterra), on<strong>de</strong><br />

houve queda da cobertura vacinal <strong>de</strong> 80% (1974) para 31% (1978), causando a maior epi<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> coqueluche em 20 anos, com 5.000 internações, 200 casos <strong>de</strong> pneumonia e 36 óbitos.<br />

Não há dúvida <strong>de</strong> que, embora a vacina contra coqueluche seja bastante reatogênica,<br />

em comparação com a doença ela se revela extremamente útil e boa, eficaz na prevenção. Ela não<br />

é responsável por morte súbita em crianças ou encefalopatia com lesões permanentes.<br />

Entretanto, muitas vezes há uma associação temporal entre a vacinação e algum evento<br />

adverso ou óbito, sendo difícil, em casos individuais, saber com certeza se a vacina foi responsável<br />

ou não pelo evento adverso. Por isso, os estu<strong>dos</strong> precisam basear-se em méto<strong>dos</strong> epi<strong>de</strong>miológicos.<br />

Esses fatos estimularam as pesquisas para o preparo <strong>de</strong> vacinas contra coqueluche menos<br />

reatogênicas. As vacinas tradicionais são constituídas pela célula bacteriana inteira, motivo pelo<br />

qual são <strong>de</strong>nominadas vacinas celulares. As novas vacinas são preparadas com componentes<br />

antigênicos <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>tella pertussis, torna<strong>dos</strong> atóxicos por tratamento químico ou por engenharia<br />

genética, sendo por isso chamadas <strong>de</strong> vacinas acelulares.<br />

Os componentes <strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>tella pertussis utiliza<strong>dos</strong> como vacina são: toxina pertussis,<br />

inativada quimicamente ou obtida por engenharia genética; pertactina, que é uma proteína da<br />

pare<strong>de</strong> celular da Bor<strong>de</strong>tella; aglutinógenos 2 e 3 das fímbrias; hemaglutinina filamentosa.<br />

Estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong>monstraram que as vacinas acelulares são eficazes e menos reatogênicas do<br />

que as celulares, sendo assim adotadas em vários países da Europa, EUA e no Japão. Foram<br />

FUNASA - abril/2001 - pág. 89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!