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Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio

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132<br />

(tridimensional) a narrativa poética das coisas. Essa capacidade imaginativa não<br />

implica a eliminação da dimensão política dos museus, mas, ao contrário, pode<br />

servir para iluminá-la. Essa capacidade imaginativa – é importante frisar – também<br />

não é privilégio de alguns; mas, para acionar o dispositivo que a põe em<br />

movimento é necessário uma aliança com as musas, é preciso ter interesse na<br />

mediação entre mundos e tempos diferentes, significados e funções diferentes,<br />

indivíduos e grupos sociais diferentes. Em síntese: é preciso iniciar-se na<br />

“linguagem das coisas” (VARINE, 2000, p. 69).<br />

Essa imaginação não é prerrogativa sequer de um grupo profissional, como o dos<br />

museólogos, por exemplo, ainda que eles tenham o privilégio de ser especialmente<br />

treinados para o seu desenvolvimento. Tecnicamente ela refere-se ao conjunto de<br />

pensamentos e práticas que determinados atores sociais de “percepção educada”<br />

desenvolvem sobre os museus e a museologia (CHAGAS, 2003, p. 64).<br />

A partir das ideias difundidas sobre imaginação museal de Mário Chagas, 62<br />

podemos identificar com facilidade nas ações de Roquette-Pinto, os aspectos que<br />

configuram sua postura imaginativa e poética. Sua imaginação museal e também<br />

educacional 63 extrapola todas as fronteiras estabelecidas por sua atuação científica. A<br />

participação de Roquette-Pinto nas discussões acerca dos museus e da museologia,<br />

inevitavelmente se volta para os assuntos de cunho educacional buscando uma<br />

aproximação entre os dois campos. Identificamos neste autor, cientista e educador, um<br />

propagador do espaço museu e importante figura no palco da institucionalização da<br />

educação nos museus no Brasil. Seja por sua postura na gestão do Museu Nacional, mas<br />

também como idealizador do cinema e do rádio educativo. Mídias que no seu<br />

entendimento, assim como o museu, significariam a conquista por melhorias e<br />

incremento das práticas educacionais e científicas.<br />

III.5 Museu Nacional: a prática educativa instituída<br />

Para Roquette-Pinto, o ensino do Museu Nacional deveria ser livre e aberto a<br />

todos, sem exames e sem diplomas. Os museus, no seu entendimento, eram as<br />

Universidades do Povo 64 e, a partir das coleções apresentadas aos públicos de visitantes<br />

e também dos especialistas, seria possível promover o ensino e a instrução. 65 A questão<br />

62 A esse respeito ver também CHAGAS, M. S. A imaginação museal. Museu, memória e poder em<br />

Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro: MinC/IBRAM, 2009. Coleção<br />

Museu, Memória e Cidadania.<br />

63 O autor não faz referência a uma imaginação educacional.<br />

64 ABL, Arquivo Roquette-Pinto, cx. 1, doc. 7.<br />

65 MN, cx. 13, p. 3. Reforma Museu – Roquette – s/d 1927/1931 (manuscrito).

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