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Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio

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educação em museus a partir da década de 80, quando se inicia no Brasil uma ampliação das<br />

práticas educacionais em museus, a atuação do Comitê para a Educação e Cultura do<br />

Conselho Internacional de Museus – Ceca/Icom contribui com seus textos para estas reflexões<br />

e também as proposições do Movimento pela Nova Museologia e o reposicionamento dos<br />

museus e de seu papel social. A intenção de Lopes é exatamente provocar a reflexão e garantir<br />

que a discussão acerca da educação em museus tome uma direção mais crítica com relação a<br />

esta postura escolarizada adotada por muitos museus.<br />

Propomos aqui um retorno ao artigo de Lopes, percebendo nele as riquezas do processo<br />

de absorção das técnicas e metodologias propostas pela escola nova aos museus, construindo<br />

dessa maneira uma interpretação que enfatize os benefícios provocados nos museus pela<br />

escolarização de suas práticas – levando em consideração que nossa análise é datada e por<br />

isso devemos guardar as devidas proporções para a compreensão do fenômeno nos dias atuais.<br />

O que norteia nossa reflexão é a discussão do sentido mais geral dessa contribuição dos<br />

museus à educação: manutenção, reforço, extensão da instituição oficial escolar e de seus<br />

métodos de ensino e avaliação, que todos, sem exceção, consideramos no mínimo,<br />

problemática; ou tentativa de contraponto, que possa talvez até contribuir para futuros<br />

questionamentos da ordem estabelecida, de modo que as crianças e os adultos tenham,<br />

acesso a outros horizontes culturais além da rua, da escola e da tevê, quando possível. [...]<br />

contribuição do museu – com, sem, ou apesar da escola – para o processo de construção<br />

do conhecimento em nossa realidade. Trata-se de os museus serem valorizados como<br />

mais um espaço, mesmo que institucional – e por isso com seus limites – de veiculação,<br />

produção e divulgação de conhecimentos, onde a convivência com o objeto – realidade<br />

natural e cultural – aponte para outros referenciais para desvendar o mundo (LOPES,<br />

1994, p. 60).<br />

A Escola Nova, nas palavras de Lopes, traz as práticas educativas para o interior dos<br />

museus e sob inspiração deste movimento os museus passam a servir como complemento ao<br />

ensino formal, devido às influências das concepções educacionais que valorizam as práticas<br />

no âmbito técnico pedagógico reforçando as ações experimentais. O movimento chega aos<br />

museus por intermédio de educadores ligados diretamente ao movimento da Escola Nova e<br />

que compreendem o espaço do museu como alternativo à educação que prega a valorização da<br />

experimentação, vivência e plena centralidade nas ideias e conceitos dos alunos como<br />

elemento fundamental da relação entre professor e aluno. A partir dos anos 1920, os<br />

educadores descobrem no universo museal oportunidades de utilização pedagógica e iniciam<br />

uma trajetória de aproximação e utilização. No Brasil, identificamos importantes educadores<br />

que estiveram à frente das principais discussões na relação entre museu e sociedade no início<br />

do século XX. Devemos salientar que esse era tema que já vinha sendo tratado em estudos e<br />

publicações de grande parte dos intelectuais da educação. Segundo Simona Nissan (2005) nas<br />

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