Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio
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A destruição da biblioteca de Alexandria marcou o fim da utilização da palavra museu<br />
tanto no país que a criara, e de onde desaparecera com os mitos sagrados, como nas regiões<br />
que lhe herdaram a civilização. Por todo o milênio que se seguiu (476–1453), da queda do<br />
Império Romano do Ocidente à queda de Constantinopla pelos turcos, os museus estiveram<br />
ausentes do mundo civilizado; não se encontram notícias da existência de nenhum deles na<br />
Europa, na África ou na Ásia (STEIN, 1962, p. 14).<br />
No entanto, ao longo do período histórico que segue denominado Idade Média,<br />
encontramos outras formas de organização baseadas no recolhimento de tesouros e<br />
acumulação de coisas. Essas formas podem ser identificadas como antecessoras dos museus<br />
tal como os conhecemos; e, ainda hoje, em alguns casos, influenciou fortemente seu<br />
surgimento na Europa dos séculos XVII, XVIII e XIX. São os Gabinetes de Curiosidade,<br />
Raridade e de Tesouros, abastecidos por colecionadores, peritos em antiquários e apreciadores<br />
de peças antigas, esses locais são uma espécie de vanguarda que viria estimular e orientar o<br />
estupendo trabalho dos colecionadores do Renascimento e o movimento museológico que se<br />
seguiu à Revolução Francesa de 1789 (STEIN, 1962, p. 15).<br />
No século XVII surgem algumas galerias abertas à visitação, como o Museu do Louvre,<br />
em Paris, aberto desde 1681 a visitas de artistas e estudantes. Os estudantes eram público<br />
mais recorrente desses espaços que, em princípio, abriam as portas apenas ao público<br />
especializado e refinado, conforme seu status social. No entanto, a mudança econômica dos<br />
séculos XV e XVI possibilitou uma mudança na política educacional e cultural responsável,<br />
em grande parte, pela abertura das coleções ao público. A mudança, de certa forma, foi<br />
viabilizada pelas ideias mercantilistas veiculadas neste período que priorizavam o acúmulo de<br />
divisas, principalmente em ouro e prata. A importação de obras era entendida como<br />
escoamento de riqueza, devia ser perfeitamente evitável. Era necessário ampliar o<br />
conhecimento em torno das artes e por isso se deu a criação de academias de artes para<br />
proporcionar o aprendizado e o crescimento artístico (SUANO, 1986, p. 25).<br />
Em meio a essas origens podemos identificar, de forma bastante clara, que os museus<br />
surgem a partir de iniciativas que priorizam a instrução, o exercício do poder, o deleite<br />
contemplativo, o recolhimento de bens para salva-guarda e mercado, uma vez que os tesouros<br />
foram reunidos para também serem utilizados e revertidos em moeda de troca quando<br />
necessário (STEIN, 1961). Em todas as iniciativas atribuídas aos museus, em sua acepção<br />
mais remota, podemos identificar o valor dado ao caráter educativo de suas atividades. A<br />
reunião de coisas e a guarda de tesouros estavam relacionadas ao gosto pelo diferente e à<br />
necessidade de conhecer o novo e o que precisa ser visto e valorizado por outros. Essa<br />
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