Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio
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talvez não se justificasse o grande dispêndio de dinheiro e energias necessários para<br />
construir um grande museu” (BOAS, 29 de abril de 1905,).<br />
Sobre as escolas e os museus, compara as ações desenvolvidas e reitera a função<br />
educadora dos museus ao afirmar que,<br />
Assim como nosso sistema escolar requer escolas secundárias e universidades –<br />
além das escolas primárias –, um grande museu deveria cumprir a função objetiva<br />
de uma escola primária para o público em geral, sem deixar de servir aqueles que<br />
procuram uma educação mais elevada e de ajudar a treinar o professor. Os métodos<br />
educacionais da universidade, da escola secundária e da escola primária são<br />
diferentes; e assim os métodos da exposição devem divergir, de acordo com o<br />
público ao qual se dirige seu apelo. Adaptando toda exposição ao nível das<br />
necessidades daqueles que não têm educação, frustramos o nosso objetivo de<br />
aumentar o conhecimento das pessoas instruídas que vão ao museu em busca de<br />
informações mais especializadas (BOAS, 29 de abril de 1905 apud STOCKING<br />
JR., p. 359).<br />
A relação dos museus com a sociedade é fundamental e as coleções devem estar a<br />
serviço da instrução pública, seja ela geral ou específica. É interessante notar essa<br />
afirmação e a percepção da função educativa dos museus ao perceber como o autor se<br />
refere ao público em geral, que, segundo Boas, é aquele sem educação. Nessa<br />
perspectiva, os museus devem agir no equilíbrio de forças e de atuação entre um público<br />
e outro. Para Boas a função educativa do museu deve ser,<br />
Resumindo, [...] a função educativa de um museu como o Museu de História<br />
Natural é divertir as massas, instruir o grande número de pessoas que procuram o<br />
museu em busca de conhecimento, aperfeiçoar o conhecimento daqueles que<br />
possuem uma educação mais elevada e ajudar os que estão interessados em estudos<br />
especializados. A adaptação de toda a exposição às massas destruiria sua utilidade<br />
para fins da educação secundária e superior, que tem os seus próprios métodos<br />
(BOAS, 29 de abril de 1905).<br />
Finalizando, Boas ressalta a defesa da ideia de uma exposição específica para o<br />
público em geral e se coloca a disposição para ajudar K. Jesup nessa empreitada. O que<br />
Boas não concorda é na organização esquemática das coleções nos museus, pois<br />
considera impossível organizar uma exposição antropológica desse modo, sem sacrificar<br />
tudo o que é essencial para o trabalho de um grande museu. Sua posição rígida ao<br />
afirmar que uma exposição voltada para as massas destruiria a utilidade da exposição<br />
para outros fins pode ser considerada por nós um excesso de zelo com as funções<br />
destinadas aos variados tipos de público em potencial para os museus. Para Boas, a<br />
exposição deve atingir a interesses educacionais específicos e, dessa forma, ser<br />
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