Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio
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cumprido. A percepção dos profissionais dos museus sobre a relação de assistência ao<br />
ensino, de complementaridade e até mesmo de local de ensino era no momento a única<br />
possibilidade de desenvolvimento da função educativa do museu.<br />
Para a nossa análise é importante destacar que o sentimento de dever e de<br />
servilidade às escolas é fruto também da atuação dos intelectuais que pregavam que os<br />
museus são espaços de experimentação e visualização dos conteúdos escolares. Por sua<br />
vez os técnicos de museus seguiram essas orientações e permitiram que a conjuntura<br />
escolarizada dos museus se tornasse uma prática socialmente legitimada e persistente<br />
até hoje em muitos setores e serviços educativos. A Seção de Ensino desempenhava as<br />
funções que julgava serem prioritárias para a atuação de um Museu Científico como o<br />
Museu Nacional. Toda a tradição de pesquisa e de estudos no campo das ciências,<br />
constatada desde o século XIX (LOPES, 1997) ratifica o papel também puramente<br />
científico adotado pelo Museu Nacional no tratamento das escolas. Nossa intenção não<br />
é atribuir juízo de valor às práticas estabelecidas, mas observar os aspectos desta relação<br />
que podem ser identificados a partir de nosso estudo. Esses aspectos nos indicam a<br />
possibilidade e a necessidade de pesquisas mais aprofundadas sobre as relações<br />
estabelecidas entre os museus e as escolas, principalmente levando em consideração o<br />
caráter histórico do processo. Compreender como as escolas e os museus se definem<br />
frente à possibilidade de uma ação conjunta pode nos auxiliar no entendimento das<br />
práticas educativas e seu caráter escolarizado.<br />
Identificamos que a imaginação museal (CHAGAS, 2003), por fim, pode ser<br />
também observada na obra e nas ações de Roquette Pinto. Essa imaginação possibilitou<br />
que o universo dos museus brasileiros experimentasse e assumisse pela primeira vez a<br />
sua função educativa de forma institucionalizada. Os serviços educativos até então<br />
oferecidos de forma espaçada, sem continuidade e sem espaço legitimado na instituição,<br />
passam a possuir um lugar específico, missão, metas e objetivos bem definidos. Aspecto<br />
que é importante por que nos faz pensar que a 5ª Seção de Assistência ao Ensino de<br />
História Natural, criada em 1926, por Roquette-Pinto, se não é o primeiro setor<br />
educativo de Museus criado no Brasil é, pelo menos, a primeira experiência de<br />
institucionalização das práticas educativas em museus no Brasil.<br />
Somada aos estudos apresentados ao longo deste trabalho, esta pesquisa pode ser<br />
considerada uma das primeiras abordagens realizadas especificamente sobre a dimensão<br />
histórica da educação em museus no Brasil. Acreditamos, portanto, que esta dissertação,<br />
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