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Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio

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I.1.2 A dimensão educacional cívica: os museus a serviço de uma pedagogia cívica<br />

O museu antes visto como um todo, em que a coleção e suas funções não possuíam definições<br />

precisas, começa a destacar seus papéis, tanto na guarda quanto na utilização e aquisição de seu<br />

acervo, e caminha também no sentido de reconhecer sua dimensão educativa.<br />

(VALENTE, 1995, p. 25)<br />

No século XIX, verificamos o crescimento do campo museológico em toda a Europa e<br />

restante do mundo, e pudemos observar que cada cidade preocupava-se em registrar e<br />

preservar suas memórias como símbolo da consolidação das nações independentes neste fim<br />

de século. É interessante notar como os museus adquiriram, diante da conjuntura idealista<br />

iluminista, um caráter predominantemente nacionalista, adequando suas categorias universais<br />

de conhecimento aos discursos enaltecedores da nação.<br />

Em análise sobre os museus, José Neves Bittencourt (1997) nos lembra que o século<br />

XVIII foi para muitos especialistas “a época dos museus públicos”, e ressalta a importância<br />

desses espaços na educação pública das nações europeias.<br />

Preocupadas com a educação pública, as nações europeias em acelerado processo de<br />

industrialização viam nos museus uma forma de dar aos seus filhos acesso à ciência e à<br />

história. No século XIX, a existência de museus em grandes cidades era vista como sendo<br />

“quase tão importante quanto os sistemas de iluminação pública e de esgotos”.<br />

(BITTENCOURT, 1997, p. 36).<br />

Na perspectiva de Bittencourt, os museus saem nos finais do século XVIII das pequenas<br />

salas em que, trezentos anos antes, tinham surgido, passando a ocupar física e simbolicamente<br />

prédios grandiosos, exposições mais bem cuidadas e, nas palavras do autor, até mesmo<br />

“suntuosas”, tomando o lugar das reuniões desorganizadas de objetos do século anterior.<br />

Esses espaços tornaram-se divulgadores do progresso, ensinado a seus visitantes os benefícios<br />

dos novos padrões de civilização.<br />

Segundo Santos (1999), devemos compreender que os elementos capazes de unificar as<br />

nações europeias resultaram de disputas diversas, pois o conceito de nação não se transformou<br />

em um único discurso ou processo a se impor sobre todos (GELLNER, 1983, p. 88-110 apud<br />

SANTOS, 1999). Nesse sentido, podemos compreender também os diversos processos que<br />

constituíram os museus nacionais e suas coleções. Os museus europeus não se voltaram<br />

apenas para as suas próprias riquezas nacionais na construção de um perfil nacional.<br />

Investiram também na posse de tesouros considerados universais saqueados das nações<br />

vizinhas a partir do movimento expansionista dos novos Estados Nacionais. Estes adotaram<br />

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