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Marcele Regina Nogueira Pereira - Unirio

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social interdisciplinar e são peças didáticas da história cultural”. Para Margarida de Souza<br />

Neves (1986, p. 35) as exposições ofereciam um “lazer didático” e a função educativa dessas<br />

mostras se manifesta na instauração de uma mística fundada em uma visão otimista da<br />

modernidade, diluidora dos conflitos sociais.<br />

As exposições realizadas no Brasil e no restante dos países ocidentais dedicam<br />

momentos significativos para a educação e marcaram em diferentes níveis a formação<br />

profissional em educação. No caso brasileiro, educadores como Paschoal Lemme 13 refletem<br />

sobre estes eventos e ressaltam como foram por ele influenciados, principalmente nas<br />

exposições comemorativas de 1908 e 1922.<br />

Para designar as exposições universais e seu caráter educativo, Kuhlmann cita a<br />

seguinte metáfora: “Templo, vitrine, teatro... e agora, escola” (2001, p. 233). Podemos<br />

encontrar nesta metáfora a expressão da importância dada à educação pelas exposições.<br />

Verificamos um amplo movimento em prol da implantação de uma educação pautada na<br />

regulação da vida social e moral, com ênfase para as necessidades de progresso do país. As<br />

exposições, segundo Kuhlmann (2001), pretendiam educar os visitantes e as elites nacionais,<br />

com um método pautado na educação dos povos, a partir de regras de conduta e códigos<br />

sociais que possibilitavam a todos viver bem e melhor. As lições aprendidas nestas exposições<br />

teriam o propósito de organizar ou o de contribuir com a organização de um Estado<br />

considerado moderno e, por isso, também eram cultivados sentimentos como o nacionalismo,<br />

e uma crença total na ciência e na técnica. Assim reforçava-se o doutrinamento da população<br />

e assinalava-se a importância de uma nação civilizada a partir dos pressupostos educacionais<br />

cívicos.<br />

Os métodos e materiais pedagógicos, utilizados nas exposições se identificavam com a<br />

sociedade harmônica apresentada. A pedagogia do progresso, como sugere Kuhlmann (2001)<br />

podia ser observada nas concepções arquitetônicas, na disposição dos lugares, dos espaços e<br />

em toda a forma de organização. Muitos museus foram criados a partir dessas exposições,<br />

como abrigo do acervo destas mostras. As exposições universais utilizavam técnicas e<br />

profissionais dos museus públicos para o desenvolvimento dos eventos, que sempre esteve a<br />

serviço de uma proposta de progresso e civilização.<br />

A criação do Museu Histórico Nacional – MHN, fruto da exposição comemorativa do<br />

centenário da Independência em 1922, pode ser considerada um marco que exemplifica o<br />

movimento de criação de museus a partir das exposições universais. Kuhlmann (2001)<br />

13 A esse respeito ver Lemme, P. Memórias. São Paulo: Cortez, Brasília: Inep, 1988, vol. 1.<br />

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