Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ
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transformaram a educação em merca<strong>do</strong>ria regulada pelo interesse <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Atuan<strong>do</strong><br />
pela lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, apregoaram que “as reformas necessárias ligam-se às grandes<br />
questões da qualidade e da eficiência <strong>do</strong> sistema, engloban<strong>do</strong>, entre outros, temas como<br />
a autonomia universitária, a avaliação e o recredenciamento periódico, a tecnologia<br />
nacional, a interação com o governo <strong>para</strong> a formulação de políticas gerais, os critérios<br />
<strong>para</strong> a escolha de dirigentes das IFES” 4 .<br />
Assim, sob o discurso de que as IFES devem exercer plenamente a autonomia, o<br />
governo advogou que há necessidade de uma “reforma que as libere de suas amarras”,<br />
pon<strong>do</strong> em prática, efetivamente, o preceito constitucional que lhes concede autonomia,<br />
elegen<strong>do</strong> o Orçamento Global como instrumento dessa autonomia. Defendeu, ainda, o<br />
“estímulo” à captação de recursos adicionais junto a outras esferas <strong>do</strong> poder e à iniciativa<br />
privada. Por último, as universidades federais poderiam decidir “autonomamente” sua<br />
política de pessoal, inclusive contratações, remunerações e demissões.<br />
A isonomia salarial e a carreira única são fatores indispensáveis a condições de<br />
trabalho que possam, de fato, garantir um padrão unitário de qualidade <strong>para</strong> a produção<br />
acadêmica, em âmbito nacional. Além disso, seria injusto e ilegal pagar salários diferentes<br />
por exercício de trabalhos iguais.<br />
A proposta de romper-se a isonomia salarial e a carreira única desencadeia um<br />
processo de diferenciação entre as várias IFES que acabará por transformar algumas nos<br />
chama<strong>do</strong>s “Centros de Excelência” e outras, em simples reprodutoras <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Qualquer proposta que seja centrada apenas na reforma gerencial não pode ser<br />
identificada como um projeto de reestruturação da universidade brasileira. Para o ANDES-<br />
SN, é absolutamente imprescindível repensar a universidade, mas isto tem que passar<br />
necessariamente por um processo amplo que, democraticamente, defina modificações<br />
nas suas estruturas de organização e poder, no desempenho de suas funções básicas<br />
como ensino, pesquisa e extensão, no seu papel social, vale dizer, na sua interação com<br />
o conjunto da sociedade.<br />
A autonomia universitária só tem senti<strong>do</strong> se obedecer ao princípio de<br />
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e estiver aliada, de forma nãodesvinculável,<br />
ao processo de democratização interna das IES. A <strong>do</strong>tação orçamentária<br />
global, conforme proposta pelo Movimento Docente, importante passo <strong>para</strong> a autonomia<br />
de gestão financeira e patrimonial das IES, só terá resulta<strong>do</strong>s positivos se forem<br />
garanti<strong>do</strong>s o financiamento pelo Esta<strong>do</strong> e a plena participação da comunidade<br />
universitária na elaboração, fiscalização e execução <strong>do</strong> orçamento. Sen<strong>do</strong> as IES<br />
privadas uma concessão pública, a garantia da autonomia deve ser preservada pelas<br />
mantene<strong>do</strong>ras, aplican<strong>do</strong>-se, então, as mesmas condições referidas quanto à <strong>do</strong>tação<br />
orçamentária global.<br />
Autonomia <strong>para</strong> a universidade significa também autonomia didático-científica. O<br />
conjunto da universidade tem que ter condições de discutir e elaborar democraticamente<br />
políticas de ensino, pesquisa e extensão. A subordinação da universidade às políticas<br />
governamentais tem-se constituí<strong>do</strong> numa “camisa de força” e num entrave à autonomia<br />
universitária. Se a universidade não elaborar um projeto científico-cultural com e <strong>para</strong> a<br />
sociedade, correrá, permanentemente, o risco de subordinar-se a determina<strong>do</strong>s projetos<br />
ou modismos de grupos ou setores <strong>do</strong>minantes da sociedade.<br />
Apesar da existência de várias propostas que partem de uma concepção que<br />
objetiva o empresariamento <strong>do</strong> ensino superior, é preciso registrar que a reestruturação<br />
da universidade vem assumin<strong>do</strong> uma outra dimensão. O empenho da comunidade<br />
universitária tem consegui<strong>do</strong>, ainda que insuficientemente e contra muitos interesses<br />
poderosos, fazer nascer um projeto coletivo de transformação que passa tanto pela