22.10.2014 Views

Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

transformaram a educação em merca<strong>do</strong>ria regulada pelo interesse <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Atuan<strong>do</strong><br />

pela lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, apregoaram que “as reformas necessárias ligam-se às grandes<br />

questões da qualidade e da eficiência <strong>do</strong> sistema, engloban<strong>do</strong>, entre outros, temas como<br />

a autonomia universitária, a avaliação e o recredenciamento periódico, a tecnologia<br />

nacional, a interação com o governo <strong>para</strong> a formulação de políticas gerais, os critérios<br />

<strong>para</strong> a escolha de dirigentes das IFES” 4 .<br />

Assim, sob o discurso de que as IFES devem exercer plenamente a autonomia, o<br />

governo advogou que há necessidade de uma “reforma que as libere de suas amarras”,<br />

pon<strong>do</strong> em prática, efetivamente, o preceito constitucional que lhes concede autonomia,<br />

elegen<strong>do</strong> o Orçamento Global como instrumento dessa autonomia. Defendeu, ainda, o<br />

“estímulo” à captação de recursos adicionais junto a outras esferas <strong>do</strong> poder e à iniciativa<br />

privada. Por último, as universidades federais poderiam decidir “autonomamente” sua<br />

política de pessoal, inclusive contratações, remunerações e demissões.<br />

A isonomia salarial e a carreira única são fatores indispensáveis a condições de<br />

trabalho que possam, de fato, garantir um padrão unitário de qualidade <strong>para</strong> a produção<br />

acadêmica, em âmbito nacional. Além disso, seria injusto e ilegal pagar salários diferentes<br />

por exercício de trabalhos iguais.<br />

A proposta de romper-se a isonomia salarial e a carreira única desencadeia um<br />

processo de diferenciação entre as várias IFES que acabará por transformar algumas nos<br />

chama<strong>do</strong>s “Centros de Excelência” e outras, em simples reprodutoras <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Qualquer proposta que seja centrada apenas na reforma gerencial não pode ser<br />

identificada como um projeto de reestruturação da universidade brasileira. Para o ANDES-<br />

SN, é absolutamente imprescindível repensar a universidade, mas isto tem que passar<br />

necessariamente por um processo amplo que, democraticamente, defina modificações<br />

nas suas estruturas de organização e poder, no desempenho de suas funções básicas<br />

como ensino, pesquisa e extensão, no seu papel social, vale dizer, na sua interação com<br />

o conjunto da sociedade.<br />

A autonomia universitária só tem senti<strong>do</strong> se obedecer ao princípio de<br />

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e estiver aliada, de forma nãodesvinculável,<br />

ao processo de democratização interna das IES. A <strong>do</strong>tação orçamentária<br />

global, conforme proposta pelo Movimento Docente, importante passo <strong>para</strong> a autonomia<br />

de gestão financeira e patrimonial das IES, só terá resulta<strong>do</strong>s positivos se forem<br />

garanti<strong>do</strong>s o financiamento pelo Esta<strong>do</strong> e a plena participação da comunidade<br />

universitária na elaboração, fiscalização e execução <strong>do</strong> orçamento. Sen<strong>do</strong> as IES<br />

privadas uma concessão pública, a garantia da autonomia deve ser preservada pelas<br />

mantene<strong>do</strong>ras, aplican<strong>do</strong>-se, então, as mesmas condições referidas quanto à <strong>do</strong>tação<br />

orçamentária global.<br />

Autonomia <strong>para</strong> a universidade significa também autonomia didático-científica. O<br />

conjunto da universidade tem que ter condições de discutir e elaborar democraticamente<br />

políticas de ensino, pesquisa e extensão. A subordinação da universidade às políticas<br />

governamentais tem-se constituí<strong>do</strong> numa “camisa de força” e num entrave à autonomia<br />

universitária. Se a universidade não elaborar um projeto científico-cultural com e <strong>para</strong> a<br />

sociedade, correrá, permanentemente, o risco de subordinar-se a determina<strong>do</strong>s projetos<br />

ou modismos de grupos ou setores <strong>do</strong>minantes da sociedade.<br />

Apesar da existência de várias propostas que partem de uma concepção que<br />

objetiva o empresariamento <strong>do</strong> ensino superior, é preciso registrar que a reestruturação<br />

da universidade vem assumin<strong>do</strong> uma outra dimensão. O empenho da comunidade<br />

universitária tem consegui<strong>do</strong>, ainda que insuficientemente e contra muitos interesses<br />

poderosos, fazer nascer um projeto coletivo de transformação que passa tanto pela

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!