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Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

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Discutir ciência e tecnologia na perspectiva de construir uma universidade pública,<br />

gratuita, democrática e de qualidade socialmente referenciada, certamente, será, por um<br />

la<strong>do</strong>, buscar novas respostas <strong>para</strong> velhas questões como: - que motivação alimenta a<br />

introdução de invenções e inovações nas relações humanas e na economia? Continuará<br />

sen<strong>do</strong> a taxa de lucro? Qual é o custo social das inovações e invenções? Não existe a<br />

necessidade premente de levar-se em consideração os possíveis efeitos sociais da<br />

ausência de trabalho com a a<strong>do</strong>ção das inovações? Por outro, aprofundar as discussões<br />

sobre os diferentes saberes e a racionalidade científico-tecnológica, bem como sobre as<br />

diferentes formas de uso e apropriação da natureza, razão principal <strong>do</strong>s conflitos<br />

socioambientais, premeditadamente negligencia<strong>do</strong>s pelas políticas públicas, tanto em<br />

escala mundial como nacional e local.<br />

Ciência e tecnologia representam um <strong>do</strong>s principais fatores de produção <strong>do</strong>s<br />

tempos atuais, sen<strong>do</strong> que vivemos em um mun<strong>do</strong> onde a dependência científicotecnológica<br />

pode determinar a dependência econômica e a perda de soberania, além de<br />

se impor como um agente perpetua<strong>do</strong>r da pobreza e da injustiça social. Portanto, constitui<br />

um grave subterfúgio político apoiar-se na “neutralidade” da ciência e no nãoreconhecimento<br />

de que os resulta<strong>do</strong>s decorrentes de sua elaboração têm si<strong>do</strong><br />

progressivamente monopoliza<strong>do</strong>s e transforma<strong>do</strong>s em instrumentos de disputa de grupos<br />

econômicos. Mesmo na comunidade acadêmica, é comum se<strong>para</strong>r, como se isto fosse<br />

possível, os <strong>do</strong>centes em pesquisa<strong>do</strong>res em militantes/sindicalistas, o que deve ser<br />

urgentemente supera<strong>do</strong> <strong>para</strong> não só discutir a ciência a serviço da sociedade humana,<br />

como também mudar os méto<strong>do</strong>s de construção <strong>do</strong> conhecimento.<br />

O processo tecnológico vem produzin<strong>do</strong> demandas de caráter sociopolítico de longo<br />

prazo e determina<strong>do</strong>s estilos de desenvolvimento que nem sempre vão ao encontro das<br />

demandas coletivas e/ou das necessidades da maioria da população, até porque<br />

“conhecimento e poder”, ao longo da história, vêm estreitan<strong>do</strong>, cada vez mais. uma<br />

relação bastante íntima. É fundamental atentar <strong>para</strong> o fato de que a opção por uma<br />

tecnologia não se restringe ao seu aspecto exclusivamente técnico, mas também<br />

representa a a<strong>do</strong>ção de concepções relacionadas ao padrão de consumo, à força de<br />

trabalho, a níveis de investimentos, e, sobretu<strong>do</strong>, ao mo<strong>do</strong> de exploração <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais e energéticos, à estruturação <strong>do</strong> sistema educacional e da pesquisa.<br />

No Brasil, é grave a situação <strong>do</strong>s investimentos e <strong>do</strong>s critérios de decisão em<br />

ciência e tecnologia. O governo militar brasileiro, empenha<strong>do</strong> na modernização<br />

conserva<strong>do</strong>ra, apoiou a expansão <strong>do</strong> ensino superior. No perío<strong>do</strong>, houve significativo<br />

crescimento da pós -graduação e de pesquisas em áreas básicas das ciências da<br />

natureza e nas ciências sociais.<br />

Nos Planos Nacionais de Desenvolvimento - PND <strong>do</strong> governo militar, a pesquisa tinha o<br />

objetivo de capacitação <strong>do</strong> país <strong>para</strong> setores estratégico-militares como energia (inclusive<br />

nuclear e de biomassa), informática, aeronáutica e telecomunicações. Os objetivos da<br />

modernização conserva<strong>do</strong>ra eram também políticos. Foi visível o esforço <strong>do</strong> governo <strong>para</strong><br />

tornar competitivos os seus alia<strong>do</strong>s fundamentais <strong>do</strong> setor agrário, em especial, por meio<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento das ciências agrárias e <strong>do</strong> melhoramento genético vegetal. Na<br />

concepção <strong>do</strong>s militares no governo, em especial <strong>do</strong> General Geisel, a autonomia<br />

tecnológica nos setores estratégicos era um objetivo a ser persegui<strong>do</strong>. Por isso, admitiuse,<br />

na época, a importância da pesquisa básica e da formação de pesquisa<strong>do</strong>res<br />

capacita<strong>do</strong>s na pesquisa avançada. A pós-graduação cresceu vigorosamente, o aumento<br />

<strong>do</strong> número de bolsas de pós-graduação no exterior também foi incentiva<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> que<br />

o resulta<strong>do</strong> foi a consolidação de um <strong>do</strong>s mais fortes pólos de pesquisa <strong>do</strong>s países<br />

periféricos, junto com a Índia e a Coréia.

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