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Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

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O regime jurídico, que regulamenta o ensino particular e as condições<br />

pedagógicas exigidas pelo MEC, longe de assegurar condições mínimas <strong>para</strong> o<br />

desempenho das atividades acadêmicas, estimula os investimentos priva<strong>do</strong>s e a<br />

lucratividade no ensino. Sob a forma legal de instituições sem fins lucrativos, as entidades<br />

mantene<strong>do</strong>ras estão sen<strong>do</strong> sustentadas pelos cursos pagos e constituem um interessante<br />

campo empresarial revela<strong>do</strong> nos investimentos patrimoniais, pagamento de salários<br />

eleva<strong>do</strong>s a seus dirigentes e outras manipulações contábeis. Apesar de a educação ser<br />

uma concessão de serviço público às instituições ou escolas particulares, o Ministério da<br />

Educação não tem exerci<strong>do</strong> a vigilância devida sobre esse privilégio. A transformação de<br />

muitas dessas instituições em universidades criou uma nova armadilha. Como<br />

universidades, elas possuem agora autonomia. Não se trata, porém, da autonomia<br />

garantida pela Constituição Federal e defendida pelo ANDES-SN, mas autonomia <strong>para</strong><br />

demitir e <strong>para</strong> não cumprir programas e projetos de pesquisa. Ainda que algumas<br />

instituições privadas venham investin<strong>do</strong> um pouco mais em pesquisa e na melhoria <strong>do</strong><br />

ensino, essas universidades, de um mo<strong>do</strong> geral, usam essa autonomia <strong>para</strong> receber<br />

dinheiro público e transferir capital social <strong>para</strong> os cofres priva<strong>do</strong>s. Uma forma de<br />

transferência de recursos públicos <strong>para</strong> as IES privadas é o empréstimo de prédios<br />

públicos (escola de educação básica) <strong>para</strong> o funcionamento de faculdades.<br />

A situação descrita é conseqüência direta da omissão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no<br />

estabelecimento de normas <strong>para</strong> o ensino superior e da ausência de controle de sua<br />

qualidade, o que favorece de forma definitiva o processo de privatização. Assim, gerou-se<br />

no setor particular da educação superior um quadro marca<strong>do</strong> pela inexistência de<br />

condições mínimas de trabalho, pesquisa e ensino. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MEC/SESu 3 mostram que a<br />

rede particular, mesmo abrangen<strong>do</strong> cerca de três quartos <strong>do</strong> número das matrículas,<br />

emprega apenas 42% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes da rede de ensino superior e contribui com apenas<br />

cerca de 2% da pesquisa e pós-graduação.<br />

Os <strong>do</strong>centes da rede particular continuam na sua imensa maioria a defrontar-se<br />

com a inexistência de uma carreira <strong>do</strong> magistério, ausência de estabilidade no emprego e<br />

um regime de trabalho fundamenta<strong>do</strong> na atividade hora-aula. Os baixos níveis salariais<br />

têm si<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong>s pela elevada rotatividade de mão-de-obra no setor e contínua<br />

pressão patronal frente às tentativas de organização e participação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes. Apesar<br />

desta realidade, vale ressaltar o imenso esforço que tem si<strong>do</strong> feito pelos <strong>do</strong>centes das<br />

instituições particulares de ensino superior - IPES, no senti<strong>do</strong> de concretizar um trabalho<br />

de qualidade que, por sua vez, é apropria<strong>do</strong> pelos empresários <strong>do</strong> ensino numa busca<br />

desenfreada por maiores lucros.<br />

As condições <strong>para</strong> a produção acadêmica na rede particular, salvo raras exceções,<br />

são incompatíveis com as exigências de qualidade acadêmica, prejudicada por elevadas<br />

cargas didático-curriculares; alta rotatividade de disciplinas assumidas pelo <strong>do</strong>cente a<br />

cada ano ou semestre letivo e por uma absurda relação aluno/professor. É absolutamente<br />

clara a inadequação de critérios de merca<strong>do</strong> e lucratividade aos objetivos da educação. A<br />

ausência de projetos de pesquisa, a precariedade das instalações materiais, sobretu<strong>do</strong><br />

bibliotecas e laboratórios, e a elevada jornada de trabalho <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes inviabilizam sua<br />

qualificação e aperfeiçoamento, o que implica massificação da educação, pouca<br />

criatividade e baixa qualidade <strong>do</strong> ensino.<br />

No que se refere à relação aluno/professor, esse quadro vem-se instalan<strong>do</strong><br />

também na área pública, face à política <strong>do</strong> governo de sequer preencher as vagas<br />

existentes, geradas, nos últimos anos, por desligamento de <strong>do</strong>centes <strong>do</strong>s quadros,<br />

principalmente motiva<strong>do</strong> por aposenta<strong>do</strong>rias precoces, em decorrência das ameaças <strong>do</strong><br />

governo, contidas na proposta de reforma da Previdência, e por óbito.

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