Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ
Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ
Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Esse caminhar contra a dispersão ou fragmentação curricular e de saberes<br />
permite que a escola unitária e a formação politécnica busquem a superação de<br />
polaridades que historicamente têm-se manifesta<strong>do</strong> em concepções educacionais, ou<br />
seja, permite superar as falsas oposições entre o conhecimento geral e o conhecimento<br />
específico, entre o conhecimento técnico e o político, entre o conhecimento humanista e o<br />
tecnológico, entre a teoria e a prática, uma vez que estas dimensões ocorrem<br />
isoladamente apenas no plano ideológico, pois são indissociáveis na totalidade das<br />
relações sociais.<br />
Assim, <strong>para</strong> a educação técnica e tecnológica, concebida pelo ANDES-SN, a<br />
programação curricular deve viabilizar a compreensão das relações sociais de trabalho<br />
em articulação com as relações sociais mais amplas, por meio de conteú<strong>do</strong>s históricossociais,<br />
não toma<strong>do</strong>s em si mesmos, mas à luz de um processo <strong>do</strong> trabalho em questão,<br />
bem como, a aquisição <strong>do</strong>s princípios científicos subjacentes a cada forma tecnológica<br />
específica <strong>do</strong> processo de trabalho em discussão, a aquisição <strong>do</strong>s códigos e das formas<br />
de comunicação específica de cada esfera produtiva e a discussão das formas de<br />
participação na vida social e política a partir da participação no processo produtivo.<br />
Na concepção de educação unitária e formação politécnica, a tecnologia é<br />
entendida como relação social, estan<strong>do</strong> suas possibilidades e limites determina<strong>do</strong>s pelas<br />
relações sociais de produção. Isto significa refutar, de antemão, determinismos<br />
tecnológicos que, em concepções positivistas, conferem valor e papel às tecnologias.<br />
O determinismo tecnológico prende-se, em geral, aos impactos provoca<strong>do</strong>s<br />
pelo desenvolvimento da ciência e da técnica sobre a sociedade e, no campo estrito da<br />
formação profissional/educação técnico-profissional, aos impactos determina<strong>do</strong>s nos<br />
processos produtivos que, por sua vez, determinam variações na composição<br />
quantitativa e qualitativa da força de trabalho. Além disso, o determinismo enfoca,<br />
geralmente, as possíveis formas de controle <strong>do</strong> desenvolvimento tecnológico,<br />
procuran<strong>do</strong> responder a questões, tais como: como diminuir o impacto das<br />
tecnologias? Como controlar a produção da C&T? Como regular a educação <strong>para</strong><br />
atender às demandas <strong>do</strong> desenvolvimento tecnológico?<br />
Todas essas questões são importantes, contu<strong>do</strong> sua abordagem torna-se<br />
impossível, ou insuficiente, caso não se considere que a produção das tecnologias não é<br />
neutra. Como de resto a produção da ciência também não o é.<br />
É importante e necessário ter como referência o campo das contradições, ou,<br />
basicamente, considerar a materialidade das relações sociais que ocorrem em uma<br />
organização societária historicamente determinada, na qual a contradição entre classes<br />
sociais é a regra e não a exceção. Pois, <strong>do</strong> contrário, incorrer-se-à na superficialidade de<br />
supor que os impactos tecnológicos podem ser controla<strong>do</strong>s unicamente a partir da<br />
ampliação <strong>do</strong> conhecimento e da informação, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> os interesses<br />
contraditórios que envolvem a questão. Basta ver que a produção, a utilização e o<br />
impacto das tecnologias não atingem uniformemente as sociedades, nem as classes<br />
sociais que as compõem, tampouco os diversos países.