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Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

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<strong>do</strong>minantes; autonomia <strong>para</strong> contrapor-se à lógica produtivista que concebe a escola, o<br />

ensino e o saber como merca<strong>do</strong>rias 7 .<br />

Desse mo<strong>do</strong>, o movimento <strong>do</strong>cente avalia que na autonomia universitária, prevista<br />

no texto constitucional, sem qualquer referência à necessidade de sua regulamentação<br />

por meio de legislação complementar, reside o grande fio condutor das ações necessárias<br />

e capazes de reverter o conjunto de problemas que, ao longo de anos, vêm sen<strong>do</strong><br />

identifica<strong>do</strong>s e divulga<strong>do</strong>s. Todavia, é esse mesmo preceito constitucional que, de tempos<br />

em tempos, é ameaça<strong>do</strong> por governantes que deveriam defendê-lo e dirigentes<br />

universitários que deveriam buscar as condições de seu pleno cumprimento.<br />

Nos oito anos de governo FHC, inúmeras tentativas de regulamentação da<br />

autonomia foram feitas, com o propósito de possibilitar às universidades que operassem<br />

livremente no merca<strong>do</strong>, sem amarras estatais, <strong>para</strong> que, em curto prazo, as organizações<br />

pudessem caminhar por si próprias. A forte reação <strong>do</strong>s movimentos organiza<strong>do</strong>s de<br />

<strong>do</strong>centes, técnicos-administrativos e estudantes, repelin<strong>do</strong> todas as propostas<br />

governamentais, impossibilitaram a vitória <strong>do</strong> governo até o momento atual.<br />

4 Financiamento da <strong>Universidade</strong><br />

A implementação <strong>do</strong> projeto neoliberal por parte <strong>do</strong>s últimos governos provocou,<br />

no caso das IFES, não apenas um corrosivo achatamento <strong>do</strong>s salários <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res<br />

(<strong>do</strong>centes e técnico-administrativos.) dessas instituições, que, em dezembro de 1995,<br />

representavam apenas 16,50% <strong>do</strong> que era percebi<strong>do</strong> em abril de 1987 (quan<strong>do</strong> se deu a<br />

isonomia salarial entre autarquias e fundações), como também uma redução drástica das<br />

verbas <strong>para</strong> OCC - Outros Custeios e Capital, que, em 1973, correspondiam a 38,50% 8 <strong>do</strong><br />

total <strong>do</strong>s recursos destina<strong>do</strong>s àquelas universidades, cain<strong>do</strong>, nos últimos oito anos, <strong>para</strong><br />

ínfimo percentual médio de 13%, provocan<strong>do</strong>, assim, o mais alto nível de deterioração e<br />

sucateamento já registra<strong>do</strong> na história das universidades federais.<br />

Nas universidades estaduais e municipais, na quase totalidade <strong>do</strong>s casos, os<br />

governos dessas esferas têm, historicamente, reproduzi<strong>do</strong> as iniciativas privatizantes <strong>do</strong><br />

governo federal. As raríssimas exceções são fruto, sobretu<strong>do</strong>, da atuação <strong>do</strong> Movimento<br />

Docente. A partir de 1988, tem si<strong>do</strong> ignora<strong>do</strong>, por conveniência, o preceito constitucional<br />

que define uma aplicação mínima de 25,% da “receita resultante de impostos,<br />

compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento <strong>do</strong><br />

ensino.” (art. 212, Constituição Federal/88).<br />

No entanto, a não-aplicação ou a aplicação de forma casuística e clientelística <strong>do</strong>s<br />

parcos recursos destina<strong>do</strong>s à educação têm provoca<strong>do</strong> não só a desagregação da vida<br />

acadêmica, como também têm impossibilita<strong>do</strong> uma integração orgânica entre ensino,<br />

pesquisa e extensão. Ademais, têm fortaleci<strong>do</strong> o individualismo na busca de soluções<br />

particulares de complementação salarial, bem como o financiamento externo <strong>para</strong><br />

pesquisas e manutenção de laboratórios, sob a alegação de que a burocracia interna e <strong>do</strong><br />

serviço público, entrava a agilização e a eficiência no desenvolvimento das pesquisas. O<br />

casuísmo e o clientelismo têm contribuí<strong>do</strong> <strong>para</strong> a desinstitucionalização da pesquisa e<br />

favoreci<strong>do</strong> a criação de estruturas <strong>para</strong>lelas de poder dentro das unidades acadêmicas.<br />

Quan<strong>do</strong> isto se estabelece, as administrações ficam totalmente reféns <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res<br />

priva<strong>do</strong>s. Tal relação de poder vem crian<strong>do</strong> verdadeiros laboratórios-guetos que tendem a<br />

tornar-se propriedades privadas <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res financia<strong>do</strong>s.

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