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Proposta do Andes para a Universidade Brasileira - ADUR-RJ

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concebida como um processo de construção social que seja, a um só tempo, processo de<br />

qualificação profissional e de educação científica e ético-política. Um processo que<br />

considere a tecnologia como produção <strong>do</strong> ser social, isto é, produto das relações<br />

histórico-sociais e culturais de poder e propriedade e que, ao mesmo tempo, considere a<br />

educação como processo media<strong>do</strong>r que relaciona a base cognitiva à material da<br />

sociedade. Assim, pois, os eixos estruturantes da proposta <strong>para</strong> a educação técnica e<br />

tecnológica <strong>do</strong> ANDES-SN são:<br />

3.1 O trabalho como princípio educativo<br />

Ten<strong>do</strong> como referência que a educação é um processo de formação social e<br />

profissional, a educação de nível médio e a de nível superior devem pre<strong>para</strong>r o indivíduo<br />

<strong>para</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Assim faz-se necessário, em primeiro lugar, distinguir mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> trabalho de merca<strong>do</strong> de trabalho. O trabalho, na perspectiva da análise crítica, é uma<br />

característica ontológica, processo pelo qual o ser humano se faz e, de mo<strong>do</strong> teleológico<br />

e pleno de significação, imprime sua ação sobre a natureza e o meio social,<br />

transforman<strong>do</strong>-os e transforman<strong>do</strong> a si próprio.<br />

Contu<strong>do</strong>, não é essa a situação vivenciada nas sociedades organizadas sob o<br />

<strong>para</strong>digma das trocas de merca<strong>do</strong>. Nelas, o trabalho perde o seu significa<strong>do</strong> ontológico de<br />

produção e utilização como realização e fruição de utilidades <strong>para</strong> a vida e, aliena<strong>do</strong> sob o<br />

signo da troca, transforma o ser humano ou, de mo<strong>do</strong> mais preciso, a sua produtividade, a<br />

sua força de trabalho, também, em elemento de troca.<br />

O preparo <strong>para</strong> o merca<strong>do</strong> de trabalho requer liberar a força de trabalho <strong>para</strong><br />

sustentar a relação capitalista de produção, regulada pela dinâmica concorrencial das<br />

trocas de merca<strong>do</strong>.<br />

Ao contrário, compreenden<strong>do</strong> o trabalho como formação de ação transforma<strong>do</strong>ra<br />

da natureza e como defini<strong>do</strong>r da vida social, o projeto pedagógico compromissa<strong>do</strong> com a<br />

superação das relações sociais de <strong>do</strong>minação e exclusão, tê-lo-á como eixo central.<br />

3.2 A formação politécnica<br />

A formação politécnica propiciará o resgate da relação entre conhecimento,<br />

produção e relações sociais, mediante a apropriação <strong>do</strong> saber científico-tecnológico pela<br />

perspectiva histórico-social que permita a participação <strong>do</strong> indivíduo na vida social, política<br />

e produtiva, como cidadão e trabalha<strong>do</strong>r. Isso significa que ele estará em condições de<br />

<strong>do</strong>minar as diferentes modalidades de saberes requeri<strong>do</strong>s pela atividade produtiva, com a<br />

compreensão <strong>do</strong> seu caráter e de sua essência.<br />

Diante da complexificação da base científica e tecnológica <strong>do</strong> trabalho, surgem<br />

propostas educativas que se baseiam, por um la<strong>do</strong>, na crescente especialização pela<br />

formação de novas disciplinas <strong>para</strong> cada conjunto de conteú<strong>do</strong>s e técnicas e, por outro<br />

la<strong>do</strong>, no fortalecimento <strong>do</strong> caráter psicologizante <strong>do</strong>s currículos, com destaque <strong>para</strong> o<br />

desenvolvimento de atitudes e comportamentos “supostamente favoráveis” ao ambiente<br />

de trabalho.<br />

A educação unitária e politécnica, ao contrário, trabalha pela unificação <strong>do</strong>s<br />

saberes e por sua referência à materialidade da concretude <strong>do</strong>s processos de produção.<br />

Ao invés de especializar e de tentar resolver as contradições no campo <strong>do</strong> artificialismo<br />

curricular, busca integrar saberes a partir da identificação de “núcleos unitários” que se<br />

interrelacionam, atenta à diversidade e multiplicidade <strong>do</strong> real.

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